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He máo quebrar a Lei; mas que te espanta, Se ella te jurou , e a quebranta? Polyfemo, discorre mais prudente; Vence-te a ti, se queres ser valente: Eu teu amigo sou, eu sou mais velho, Tu, que és mais moço, toma o meu conselho No falso Amor não faças confiança: Desterra a ira, foge da vingança, Que esta inquieta, aquella te amofina: De qualquer dellas sempre vem ruina.

O sonho intimidar-me não devia Por ser falsa illusão da fantasia. Do Pastor a demora, que te assusta, Tambem póde nascer de causa justa. Se temes Polyfemo, o susto affasta: Comigo vive, eu nunca o deixo, e basta. E desde que o domei por teu respeito, Tudo que eu mando, que elle faça, he feito. Piza, piza, a teus pés essa agonia: Faze, que a fonte com teu riso ria. GALAT

Despido d'ambição, e d'avareza, inclinado á mísera pobreza! Deixa, que por mostrar-me agradecido, A teus honrados pés chegue abatido; E esta boca, por quem serás louvado, Beije o chão duro, dos teus pés tocado. Suspende, Polyfemo, eu não pertendo A tua gratidão, antes me offendo, De a meus pés te prostares abatido, Acatamento ao Ceo devido.

Se altero o caracter da Egloga; se me aparto da simplicidade pastoril; se faço inflammar Polyfemo, e respirar vingança, he porque eu não pinto hum daquelles Pastores do Seculo de oiro, em que reinava a mansidão, e o socego de espirito; pinto hum Cyclope, hum Pastor ferino, que abrazado no ciume, e na ira, deo barbara morte ao mancebo Ácis, lançando-lhe em cima hum penhasco: catástrofe, que eu não pinto, por não fazer huma Egloga com espirito de Tragedia.

Quando de entre hum pinhal... de o dizer, tremo: Sahe o barbaro, o manstro Polyfemo. Toma-lhe o passo, e n'hum trilhado estreito Com dardo agudo lhe traspassa o peito: Clamando: "Morre, vil, morre, inimigo, "Que inda mereces mais cruel castigo. "Chama agora o teu bem, chama a fingida, "Grita por ella, que te torne a vida.

Discreto amigo, amigo verdadeiro, Tu fostes dos humanos o primeiro, Que me soube vencer: eu que algum dia Nem a razão, nem Deoses conhecia, Hoje a razão abraço, os Deoses temo; Tu me fizeste hum novo Polyfemo. Convence-te a razão, porque és humano, Que a razão não doma o bruto insano. Oh grande, oh raro exemplo d'amizade! Oh coração, gerado de piedade!

Ainda louvas a ingrata por formosa, Quando enorme se fez, sendo aleivosa? Polyfemo, se queres ser discreto, Não recordes a offensa, nem o affecto: Que o affecto tambem o tempo o gasta, E a offensa he parto de huma louca, basta Que á razão nunca os olhos tem abertos, E sem luz que fará? Mil desacertos: Por isso áquelle, que extremoso a trata, A paga, que lhe , he ser-lhe ingrata.

Agora mais me vejo impaciente, Que até me afflige a vista de hum vivente: Mas elle vem, não posso resistir-lhe, não posso esconder-me, nem fugir-lhe; Se fujo desta parte, he ribanceira, Se daquella, me affogo na ribeira; Pois nella acabarei, morrer não temo; De huma morte acabe Polyfemo. Detem-te, amigo, e espera, que fazias? A ti mesmo matar-te pertendias?

Tu destróes em parte o meu desgosto; Mas não consegues ver-me enchuto o rosto: Não: fazer que esta setta não me fira, póde o meu Pastor. Ah! Quem o víra! pódem os seus olhos engraçados Dar vista aos meus cégos, e cançados. Mas temendo o rancor de Polyfemo, As proprias sombras dessas plantas temo. Do triste Polyfemo o rancor deixa: Tu foste a causa, e de ti te queixa. GALAT

Vamos; mas ah Laurindo, quem diria, Que por huma mulher, por'huma ímpia Eu havia deixar a minha Aldêa, E ir d'esmolas viver na terra alheia? Oh triste Polyfemo! Oh desgraçado! De ti deves queixar-te, e não do fado: Em mil exemplos o perigo viste, Devias fugir delle, não fugiste? Pois agora o teu erro irás pagando, E o damno sem remedio lamentando.

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