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Eras exaltado, febril no que sentias; cada palavra tua era o ésto de uma paixão latente. Tinhas o segredo da fascinação, a magnanimidade do heroe, e a impenitencia do ergotista; eras a um tempo seraphim e demonio, podias transportar ao setimo céo, ou atirar ao barathro a mulher que te seguisse. Tinhas a consciencia da força e rias-te de todas as mulheres, não te affligia o amor.

A memoria d'ella era fria: o pulso não se accelerava, nem do coração me subia á cabeça um golfo ardente de sangue. Fui alegrar minha mãe, ao lado da qual encontrei Mafalda, que lhe assistia á convalescença d'uma perigosa enfermidade. Os risos do anjo tinham ascendido ao céo no perfume de suas orações. A coruscante luz d'aquelles olhos tinham-na apagado os prantos.

Tão escura que se não distinguia um palmo diante do nariz, tão feia que os bicos de gaz da cidade, soturna e quieta, bruxoleavam pallidamente com a sua luz tremula e vacillante... E comtudo estavamos a 19 de Fevereiro, em plena estação calmosa, no rigor do verão. Chuvera todo o dia. O céo conservava-se coberto de nuvens bojudas e côr de chumbo, velando uns restos de lua.

Tremeu com a idéa de não vingarem os fructos da boa semente que elle, com tanto esmero e tanta esperança, cultivára n'aquelle coração desbravado, ao que parecia, dos espinhos da impiedade. Orou fervorosamente, pediu com anciedade a tutella do céo para aquelle orphão de pae, de amigos, e de mestre que pudessem ampara'-lo na sua recaída no abysmo, d'onde parecia ser salvo.

Entre as setenta e duas torres de Igrejas procurou a de S. Thomé, porque d'ali perto estava a Portaria do Salvador, e nesse sitio lampejava aos primeiros raios do sol um zimborio que era o da caza onde áquella hora devia estar dormindo a sua Angela. A manhã era d'abril, o ceo azul, o Tejo formoso; n'aquelle ar da patria resoavam-lhe os cantares que percebem almas volvidas do desterro.

Mas deſpois que de todo ſe fartou O que tem no mar a ſi recolhe, E pello ceo chouendo em fim voou Porque coa agoa a jacente agoa molhe: Aas ondas torna as ondas que tomou: Mas o ſabor do ſal lhe tira, & tolhe, Vejão agora os ſabios na eſcriptura Que ſegredos ſam estes de Natura.

Esta posição não se dava com a nobreza do meu sangue. Quiz vêr se me admittiam como criada ordinaria do paço. A mãezinha de v. ex.ª, que tinha então muito valimento, e nós conheciamos desde que a vimos, linda como as estrellas do céo, a passeiar leites na quinta das Galveas, pediu por nós; mas não havia logar.

São tristes Orfãs donzellas, E merecem suas dôres Que vós, Augustos Senhores, Hajais piedade dellas. Por mais esforços que eu faça Como hei de dar-lhe favor, Se o seu triste bemfeitor Vive na mesma desgraça? Da miseria as tirareis, Se eu da miseria sahir: Sobre muitos vai cahir O favor que me fazeis. Vós, ó Augusta Princeza, Em quem o Ceo quiz juntar O melhor que pódem dar A fortuna, a natureza,

Deixão dos ſete Ceos o regimento, Que do poder mais alto lhe foi dado, Alto poder, que ſo co penſamento Governa o Ceo, a Terra, & o Mar yrado: Ali ſe acharão juntos num momento, Os que habitão o Arcturo congelado. E os que o Auſtro tem, & as partes onde A Aurora naſce, & o claro Sol ſe eſconde.

Ornou sublime esfôrço ao grande Atlante, Com qu'a celeste máchina sustenta; Honrou a Homero o engenho, com que intenta Grecia do quarto ceo passá-lo avante; Coroou claro Amor de amor constante A Orpheo, na paz firme e na tormenta; Inspirou a Fortuna, em tudo isenta, A Cesar, de quem foi hum tempo amante; Exaltaste tu, Fama, a gloria alta De Alcides no monte em que resides; Mas Castro, em quem o Ceo seus dões derrama, Mais orna, honra, coroa, inspira, exalta, Que Atlante, Homero, Orpheo, Cesar e Alcides, Esfôrço, engenho, Amor, Fortuna e Fama.