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Atualizado: 2 de junho de 2025


Contentes viviremos desta sorte, Até que chegue a hum dos dois a morte. Vejo, Marilia, Que o nédeo gado Anda disperso No monte, e prado; Que assim succede Ao desgraçado, Que a perder chega O seu Pastor. Mas inda soffro A viva dôr. Tambem conheço, Que os Pegureiros, Que apascentavão Os meus cordeiros, Darão suspiros E verdadeiros; Porque perdêrão Hum pai no amor. Mas inda soffro A viva dôr.

Se lanço a mão ao sazonado pômo, De que o pêzo gentil debruça os ramos, Se aqui observo a flavescente arista Espraiar-se opulenta, se negreja Em festões o racimo além suspenso, Sahe delles esta voz, e a mesma em todos: "Marilia, por quem foste ditoso, "De nossa profusão compôs mil vezes "Os nobres dons com que nascer fizera "O sorrizo nos labios do indigente.

As glorias, que vem tarde, vem frias; E póde em fim mudar-se a nossa estrella. Ah! não, minha Marilia, Aproveite-se o tempo, antes que faça O estrago de roubar ao corpo as forças, E ao semblante a graça. A minha bella Marilia Tem de seu hum bom thesouro, Não he, doce Alceo, formado Do buscado Metal louro.

Quem vive no regaço da ventura, Nada obra em te adorar, que assombro faça: Mostra mais ternura Quem te estima, e morre Nas mãos da desgraça. Nesta cruel masmorra tenebrosa Ainda vendo estou teus olhos bellos, A testa formosa, Os dentes nevados, Os negros cabellos. Vejo, Marilia, sim, e vejo ainda A chusma dos Cupidos, que pendentes Dessa bôcca linda, Nos ares espalhão Suspiros ardentes.

Hade, Marilia, mudar-se Do destino a inclemencia: Tenho por mim a innocencia, Tenho por mim a razão. Muda-se a sorte de tudo; a minha sorte não? O tempo, ó bella, que gasta Os troncos, pedras, e o cobre, O véo rompe, com que encobre Á verdade a vil traição. Muda-se a sorte de tudo; a minha sorte não? Qual eu sou verá o mundo, Mais me dará do que eu tinha, Tornarei a ver-te minha.

Fallando com Laura, Marilia dizia; Surria-se aquella, E eu conhecia O erro de amor. Marilia, escuta Hum triste Pastor. Movida, Marilia, De tanta ternura, Nos braços me déste, Da tua pura Hum doce penhor. Marilia, escuta Hum triste Pastor. Tu mesma disseste Que tudo podia Mudar de figura; Mas nunca seria Teu peito traidor. Marilia, escuta Hum triste Pastor.

Como póde a taes cuidados Risistir, ó minha Bella, Quem não tem de Amor a graça? Se eu que vivo á sombra della Inda vivo desta sorte, Sempre triste a suspirar? Que diversas que são, Marilia, as horas Que passo na masmorra immunda, e fêa, Dessas horas felizes, passadas Na tua patria Aldêa.

Se vinha da herdade, Trazia nos ninhos As aves nascidas, Abrindo os biquinhos De fome ou temor. Marilia, escuta Hum triste Pastor. Se alguem te louvava De gosto me enchia; Mas sempre o ciume No rosto accendia Hum vivo calor. Marilia, escuta Hum triste Pastor. Se estavas alegre, Dirceo se alegrava; Se estavas sentida, Dirceo suspirava Á força da dor. Marilia, escuta Hum triste Pastor.

As grandes Deosas do Ceo, Sentem a setta tyranna Da amorosa inclinação. Diana, com ser Diana, Não se abrasa, não suspira Pelo amor de Endymão? Todos amão: Marilia Desta Lei da Natureza Queria ter izençao? Desiste, Marilia bella, De huma queixa sustentada na altiva opinião. Esta chamma he inspirada Pelo Ceo; pois nella assenta A nossa conservação.

Conheço os signaes, e logo Animado da esperança, Busco dar hum desaffogo Ao cansado coração. Pégo em seus dedos nevados, E querendo dar-lhe hum beijo, Cubrio-se todo de pejo, E fugio-me com a mão. Tu, Marilia, agora vendo De Amor o lindo retrato, Comtigo estarás dizendo, Que he este o retrato teu.

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