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Se da flor que viceja me aproximo, Diz logo a flor: "contempla, afflicto espôzo, "Contempla em mim as pudibundas graças; "O sorrir virginal, os verdes annos, "Que Marilia enfeitavão, quando outr'ora "Tu, pela vez primeira, a viste absorto, "E, sem ella o saber, por ella ardeste.

Mas tendo tantos dotes da ventura, aprêço lhes dou, gentil Pastora, Depois que o teu affecto me segura, Que queres do que tenho ser Senhora. Graças, Marilia bella, Graças á minha Estrella! Os teus olhos espalhão luz divina, A quem a luz do Sol em vão se atreve: Papoila, ou rosa delicada, e fina, Te cobre as faces, que são côr da neve.

Eu, Marilia, não sou algum vaqueiro, Que viva de guardar alheio gado, De tosco trato, de expressões grosseiro, Dos frios gelos, e dos sóes queimado. Tenho proprio casal, e nelle assisto; Dá-me vinho, legume, fruta, azeite, Das brancas ovelhinas tiro o leite, E mais as finas lãs, de que me visto. Graças, Marilia bella, Graças á minha Estrella!

Muito embora, Marilia, muito embora Outra belleza, que não seja a tua, Com a vermelha roda, a seis puxada, Faça tremer a rua. As paredes da salla aonde habita Adorne a seda, e o tremó dourado; Pendão largas cortinas, penda o lustre Do této apainelado. Tu não habitarás Palacios grandes, Nem andarás nos coches voadores; Porém terás hum Vate, que te preze, Que cance os teus louvores.

Chegão as horas Marilia, Em que o Sol se tem posto, Vem-me á memoria que nellas Via á janella o teu rosto: Reclino na mão a face E entro de novo a chorar. Diz-me Cupido: basta, basta, Dirceo, de pranto; Em obsequio de Marilia Vai erguer teu doce canto. Pendem as fontes dos olhos, Mas eu sempre vou cantar.

Vem hum taboleiro entrando De varios manjares cheio, Põe-se na meza a toalha, E eu pensativo passeio: De todo o comer esfria, Sem nelle poder tocar. Eu entendo que matar-te, Diz Amor, te tens proposto; Fazes bem: terá Marilia Desgosto sobre desgosto. Qual enfermo c'o remedio Me afflijo, mas vou jantar.

Verás, verás Marilia Da janella dourada, Que huma comprida estrada representa A linfa cristalina, que pizada Pela poupa que foge Em borbotões rebenta.

Que gosto não terá a esposa amante Quando der ao filhinho o peito brando, E reflectir então no seu semblante! Quando, Marilia, quando Disser comigo: he esta De teu querido pai a mesma barba, A mesma bocca, e testa. Que gosto não terá a mãi, que toca, Quando o tem nos seus braços, c'o dedinho Nas faces graciosas, e na bocca Do innocente filhinho!

Mas este bom Soldado, cujo nome Não ha poder algum, que não abata, Foi, Marilia, sómente Hum ditozo pirata, Hum salteador valente. Se não tem huma fama baixa, e escura; Foi por se pôr ao lado da injustiça A insolente ventura. O grande Cesar, cujo nome vôa, Á sua mesma Patria a quebranta; Na mão a espada toma, Opprime-lhe a garganta, Senhores a Roma.

Se quero levantar-me, as costas vergão; As forças dos meus membros se gastão, Vou a dar pela casa huns curtos passos, Pesão-me os pés, e arrastão. Se algum dia me vires desta sorte, que assim me não pôz a mão dos annos: Os trabalhos, Marilia, os sentimentos, Fazem os meus danos.

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