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As iras detesta Amor isto vendo, E as azas na testa Me bate dizendo: Tu choras, tu gemes Da Serpe tocado, E o braço não temes De hum Numen irado? Tu, formosa Marilia, fizeste Com teus olhos ditosas as campinas, Do turvo Ribeirão em que nasceste: Deixa, Marilia, agora As lavradas terras; Anda affoita romper os grossos mares, Anda encher de alegria estranhas terras.

Marilia que pintada n'uma tabua Aqui no seio trago, tambem chora; Seus olhos dão-me fogo, e os meus dão-lhe agua. Não obstante, o fôgo, que acendrava a paixão nos peitos d'aquelles Bieitos e Melibeus das eclogas, era uma especie de lume sacro que velava a virgindade... dos retratos pintados em tabua.

Se tu for tão pouco O pranto desatas, Ah! dá-me attençaõ; E como daquelle, Que feres, e matas, Naõ tens compaixaõ? Não sei, Marilia, que tenho, Depois que vi o teu rosto; Pois quanto não he Marilia, não posso ver com gosto. Noutra idade me alegrava, Até quando conversava Com o mais rude vaqueiro: Hoje, ó bella, me aborrece Inda o trato lizongeiro Do mais discreto pastor.

Foge o Menino, E disfarçado Vive abrigado N'uma cruel. Com mil caricias A impia o trata; Nem o desata Do peito seu. Se a semelhança Sempre amor gera, Deve huma fera Outra accolher. Ah! se o teu nome, Marilia, calo, Que de ti fallo Bem pódes crer. Tu não verás, Marilia, cem captivos Tirarem o cascalho, e a rica terra, Ou dos cercos dos rios caudelosos, Ou da minada Serra.

Os teus cabellos são huns fios d'ouro; Teu lindo corpo balsamos vapora. Ah! não, não fez o Ceo, gentil Pastora, Para gloria de Amor igual Thesouro. Graças, Marilia bella, Graças á minha Estrella! Leve-me a sementeira muito embora O rio sobre os campos levantado: Acabe, acabe a peste matadora, Sem deixar huma rez, o nedeo gado.

Ninguem resiste Aos golpes della: Marilia bella Foi quem lha dêo. Ah! não sustente Dura peleija, O que deseja Ser vencedor. Fuja, e não olhe, Que fugindo De hum rosto lindo, Se vence Amor.

Se geme o bufo agoureiro Marilia me desvella: Enche-se o peito de magoa, E não sei a causa della. Mal durmo, Marilia, sonho, Que féro leão medonho Te devora nos meus braços: Gella-se o sangue nas veias. E sólto do somno os laços Á força da immensa dor. Ah! que os effeitos que sinto são effeitos de Amor.

Tu tens, Marilia, Cantor celeste; O meu Glauceste A voz ergueo; Irá teu nome Aos fins da Terra, E ao mesmo Ceo. Quando nas azas Do leve vento Ao Firmamento Teu nome for: Mostrando Jove Graça extremosa, Mudando a Esposa De inveja a côr; De todos ha-de, Voltando o rosto, Sorrir-se Amor.

Noto, gentil Marilia, os teus cabellos; E noto as faces de Jasmins, e rosas: Noto os teus olhos bellos; Os brancos dentes, e as feições mimosas. Quem fez huma obra tão perfeita, e linda, Minha bella Marilia, tambem póde Fazer os Ceos, e mais, se ha mais ainda. Vou retratar a Marilia, A Marilia meus amores; Porém como, se eu não vejo Quem me empreste as finas cores!

Restauro as forças perdidas, Sóbe a viva côr ao rosto; Gyra o sangue pela vêa, E bate o pulso composto. , Marilia, o quanto póde Contra os meus males teu rosto. LISBOA: Na Impressão Regia. Anno 1812. Com licença. Vende-se na loja da Gazeta. Convidou-me a vêr seu Templo O cego Cupido hum dia; Encheo-se de gosto o peito, Fiz deste Deos hum conceito Como delle não fazia.

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