United States or Niger ? Vote for the TOP Country of the Week !


Se estou, Marilia, comtigo, Não tenho hum leve cuidado; Nem me lembra, se são horas De levar á fonte o gado. Se vivo de ti distante, Ao minuto, ao breve instante, Finge hum dia o meu desgosto: mais, Pastora, te vejo Que em teu semblante composto Não veja graça maior. Que effeitos são os que sinto! Serão effeitos de Amor?

O cego Cupido hum dia Com os seus Genios fallava, Do modo que lhe restava De captivar a Dirceo. Depois de larga disputa, Hum dos Genios mais sagazes Este conselho lhe dêo: As settas mais aguçadas, Como se em roxa batessem, Dão nos seus peitos, e descem Todas quebradas ao chão. as graças de Marilia Podem vencer hum tão duro, Tão izento coração.

Por morto, Marilia, Aqui me reputo: Mil vezes escuto O som do arrastado, E duro grilhão. Mas, ah! que não treme, Não treme de susto O meu coração. A chave sôa Na porta segura: Abre-se a escura, Infame masmorra Da minha prizão. Mas, ah! que não treme; Não treme de susto O meu coração. Eu vejo, Marilia, A mil innocentes Nas Cruzes pendentes, Por falsos delictos, Que os homens lhes dão.

Queria mais fallar; eu insoffrido Desta maneira rompo os seus accentos: Basta, Fortuna, basta; Estes breves momentos noutras coizas gasta; Da minha sorte nada mais contemplo. E chamando Marilia Suspiro, e deixo o Templo. A estas horas Eu procurava Os meus Amores; Tinhão-me inveja Os mais Pastores.

Porém não, que em parallelo Da minha Ninfa adorada Perolas não valem nada, Não valem nada os coraes. Ah soccorre, Amor, soccorre Ao mais grato empenho meu! Vôa sobre os Astros, vôa, Traze-me as tintas do Ceo. no Ceo achar se podem Taes bellezas, como aquellas, Que Marilia tem nos olhos, E que tem nas faces bellas.

Este foi sempre O genio seu. Levou, Marilia, A impia sorte Catoens á morte; Nem sepultura Lhes concedeu. Este foi sempre O genio seu. A outros muitos, Que vís nascêrão, Nem merecêrão, A grandes thronos A impia ergueu. Este foi sempre O genio seu. Espalha a cega Sobre os humanos Os bens, e os damnos; E a quem se devão Nunca escolheu. Este foi sempre O genio seu.

Tambem, Marilia, Não ha quem negue, Que bem que o fogo Nos oleos pegue, Que bem que em lingoas Ás nuvens chegue, Á força d'agoa Se ha de apagar. Se a negra pedra Nós accendemos, Com agoa a vemos Mais s'inflammar. O meu discurso, Marilia, he resto: A pena iguala Ao meu affecto. O amor que nutro Ao teu aspecto, E o teu semblante He singular.

Porém eu, Marilia, nego, Que assim seja Amor; pois elle Nem he moço, nem he cégo, Nem settas, nem azas tem, Ora pois, eu vou formar-lhe Hum retrato mais perfeito, Que elle ferio meu peito; Por isso o conheço bem. Os seus compridos cabellos; Que sobre as costas ondeão, São que os de Apollo mais bellos; Mas de loura côr não são.

Tu te mudaste; E a Olaia frondoza, Aonde escreveste A jura horrorosa, Tem todo o vigor. Marilia, escuta Hum triste Pastor. Mas eu te desculpo, Que o fado tyranno Te obriga a deixar-me; Pois busca o meu damno Da sorte, que for. Marilia, escuta Hum triste Pastor. A caso são estes Os sitios formosos, Aonde passava Os annos gostosos?

Venus, que vio a pintura, E lêo a letra engenhosa, Pôz por baixo: Eu delle cedo; Dê-se a Marilia formosa. Alexandre, Marilia, qual o rio Que engrossando no Inverno tudo arraza; Na frente das cohortes Cérca, vence, abraza As Cidades mais fortes. Foi na gloria das armas o primeiro, Morrêo na flor dos annos, e tinha Vencido o mundo inteiro.

Palavra Do Dia

desejam

Outros Procurando