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Bem sei; mas como disse, o acaso ou o quer que fosse Levou-me a um templo pobre e foi n'elle que vi Que ha mendigos do céo, d'olhar sereno e doce, Proletarios do altar a quem ninguem sorri! E ao ver esta humildade, eu tenho d'isto ás vezes, Pensei, não sei porque, nas morbidas vizões Que não passam de ser as filhas dos burguezes Mas de rendas de França enfeitam seus roupões!

Como o duro pincel lhes pinta a flor de liz Dos cilicios! e a luz dos olhos mortecidos, E essas rugas que os faz magros, sublimes, vis! Como as pregas alonga aos habitos compridos! Como ás faces lhes cava a pallidez da terra, Como se fossem uns mortos estendidos! Quando as vizões do Ceu nos extases descerra, Ao Crucifixo os pés beijando soluçantes, E açoutando-se qual o mar açouta a serra!...

A grande multidão, a vaga, a onda enorme, Que oscilla sem cessar, e gira multiforme Ás corridas, ao circo, ao templo e aos cafés, Talvez ao presentir que tudo, emfim, declina, Adore a immensa luz, em vós, constellações, Que não baixaes do céo; que vindes d'uma esquina, Vagando no rumor da aérea musselina, Em plena bacchanal fingindo de vizões? Oh, sois do nosso tempo!

A esculptura empresta-lhe a elegancia e a magestade das suas attitudes, a flexibilidade viril dos seus gestos, a graça malleavel e movimentada dos seus aspectos; a musica dá-lhe as notas graves ou dôces, apaixonadas ou severas, vibrantes ou meigas, sonoras, ou melancolicamente esmorecidas da sua voz; a poezia dá-lhe o encanto alado indefinivel, subjugador das suas imagens; a litteratura o requinte subtil da sua fórma, a belleza penetrante dos seus conceitos, a seducção ondeante e diversa das suas expressões; a philosophia, a amplidão dos seus horisontes, uma comprehensão da vida soberanamente inspiradora, uma envergadura de azas potente e larga bastante para que elle possa levantar-se ás amplidões sem fim do Pensamento, ás deslumbrantes vizões do Ideal...

E sobre a corrupção das brancas epidermes Luzentes de luar e d'esplendor dos ceus, Orgulhosos passando os triumphantes vermes, Da santa formosura os ultimos Romeus! Se tu minha alma livre ainda hoje conservas Memoria das vizões que amaste com fervor Ahi as tens agora alimentando as ervas De novo dando á terra o que ella deu á flôr!

Embora! caminhae deixando um grande rasto D'estranhas emoções, d'aromas sensuaes: E ao pobre que mendiga a pallidez d'um astro; Ao que sonha vizões e archanjos d'alabastro Fazei por despenhar nos longos tremedaes! Do velho idyllio, a muza, ha muito que dorme, E o arroio em vão suspira e chora a nossos pés!

São ellas! as vizões dos meus dias felizes, Meus sonhos virginaes, as minhas illusões, Que a seiva dão agora aos vermes e ás raizes, Que em pasto dão seu corpo a novos corações! São as sombras que amei, divinas, castas, bellas; As chymeras gentis, os vagos ideaes, Que de rozas cingi, que illuminei d'estrellas, E que não podem da terra erguer-se mais!

Á meza do festim, cercada de formosas, O canto dos cristaes e o scintillar dos vinhos Saudavam juntamente os bellos desalinhos Das galantes vizões das ceias luminozas! Molhavam-se em champagne as pétalas das rozas! E em baixo, a nossos pés, em leves murmurinhos A gaze sobreposta á candidez dos linhos Erguia-se n'um mar de vagas caprichosas! Ali tudo era paz! Nem odios vis nem zelos!

Em quanto, do futuro, ao toque da alvorada, Se escuta, a martellar na sua barricada, Sinistra rota e fria, a livida Miseria. Passae larvas gentis na rua da cidade Aonde se atropella a turba folgazã; A noite é um tanto agreste e cheia d'humidade Mas o tedio mortal precisa a claridade Que em vosso olhar trazeis, vizões do macadam!

Palavra Do Dia

líbia

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