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Meditando, sentado num banco do parque respondia Frederico. Procuras, como S. Bruno, os logares solitários para pensares nas felicidades do céu? Homem, ando a tratar da minha conversão e S. Bruno, efectivamente, é um modêlo desejável. E se fizéssemos uma jornada mais larga, por êsses campos, por essas amplidões? Júlia podia ir tambêm... Acho o teu alvitre muito digno de ser aceito.

O que nesses caminhos muitas vezes se encontra é o clarão que illumina e o clarão que deslumbra; é a sciencia que se entrevê, separada de nós pela insufficiencia das forças do espirito; são profundezas ennevoadas em que a razão se precipita e vai revoluteando até se incrustar n'um macisso de trevas quasi tangiveis; é o desconsolo de trocar, de noite a noite, o crer pelo duvidar, o duvidar pelo descrer; é aprender laboriosamente pouco, desaprendendo dolorosamente muito; é substituir pela observação e pelo raciocinio opprimidos no finito, no existente, a poesia que nos leva mansamente embalados atravez das suas creações infinitas; é consumir a brevidade da vida em esforços não raro inefficazes para alcançar a verdade, que além da morte, nos espera tranquilla nas amplidões do tempo sem fim.

A esculptura empresta-lhe a elegancia e a magestade das suas attitudes, a flexibilidade viril dos seus gestos, a graça malleavel e movimentada dos seus aspectos; a musica dá-lhe as notas graves ou dôces, apaixonadas ou severas, vibrantes ou meigas, sonoras, ou melancolicamente esmorecidas da sua voz; a poezia dá-lhe o encanto alado indefinivel, subjugador das suas imagens; a litteratura o requinte subtil da sua fórma, a belleza penetrante dos seus conceitos, a seducção ondeante e diversa das suas expressões; a philosophia, a amplidão dos seus horisontes, uma comprehensão da vida soberanamente inspiradora, uma envergadura de azas potente e larga bastante para que elle possa levantar-se ás amplidões sem fim do Pensamento, ás deslumbrantes vizões do Ideal...

No Infinito mudo tua ingenua crença, Tremula ceguinha de risonho alvor, Eil-a andando, andando, como que suspensa, Pelos descampados d'uma noite imensa, Vastidões d'assombros, amplidões d'horror!... E onde a aguia, o genio de pupila ovante, Tem vertigens, auras, desfalece e cae, A ceguinha debil, vagabunda, errante, D'olhos ás escuras. Infinito adiante, N'um enlevo aereo perpassando vae!...

O ar embalsamado pelos perfumes da baunilha e dos laranjaes em flôr, os zagaes tangendo frautas ou dançando na relva com suas pastoras, e ao longe, por entre o fumosinho que ondeia sobre o tecto das cabanas, ao longe, na quebrada do monte, voejando em torno do corucheu da velha ermida em ruinas ellas, as duas, as mysticas amantes do philosopho, as ternas balisas de seu scismar a andorinha e a questão social batendo a aza, abrindo o biquinho e rasgando juntas as amplidões do azul em phantasticos arabescos....

Em doidas convulsões, Um raio desabou das vastas amplidões Sobre elle, e a sua voz, longe de ser magoada, Soltou-se em desdenhosa e grande gargalhada! Que forças colossaes, que forças imprevistas, Lhe fizeram baixar as invenciveis cristas? Que forças?

Não foi impunemente, e sem que um medonho e forte abalo se produzisse nos espiritos e nas consciencias, que a sciencia, implacavel e tranquilla, despovoou os ceus, destruiu na nossa alma, ambiciosa e soffredora, o sonho da triumphante immortalidade, fez do mundo, que julgavamos centro e eixo do Universo este humilde grão de areia que hoje gravita subordinado e dependente nas amplidões infinitas do espaço; não foi sem dilacerar as fibras mais intimas do nosso orgulho que a biologia, arrancando aos abysmos do tempo o segredo da primeira scentelha da Vida que animou este planeta, nos demonstrou o que nós eramos no fim de contas, nós que nos julgavamos os filhos dilectos do Creador!

Palavra Do Dia

alindada

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