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Vae sem cabeçada, em liberdade franca, O gerico russo d'uma linda côr; Nunca foi ferrado, nunca usou retranca, Tange-o, toc, toc, a moleirinha branca Com o galho verde d'uma giesta em flor. Vendo esta velhita, encarquilhada e benta, Toc, toc, toc, que recordação! Minha avó ceguinha se me representa... Tinha eu seis anos, tinha ella oitenta, Quem me fez o berço fez-lhe o seu caixão!...

Uma tristêza mortal Repassa as nossas folganças... Ai! cachópas, ai! crianças, Nem é bom falar em tal... Quando ides prás romarias, Entre murtas e alamêdas, Como doidas cotovías, Chilreando airádas, lêdas, Não pensáis nesta agonía, Que nos punge o coração... Levais a alma irradía, Céguínha pla ilusão... Mas á noite, junto ao leito, Cismáis, á luz do luar, Em tanto sonho desfeito...

Vem um anjo abril-as; a ceguinha mansa Põe-se de joelhos, em adoração... Diz-lhe o anjo: Toma, guarda esta lembrança: Uma palma d'astros, a luzir Esp'rança, Que á velhinha humilde levarás na mão! E, ave pressurosa recolhendo ao ninho, com alimento para os filhos seus, Eil-a que regressa por egual caminho, E vem dar-te, ó santa, côr de jaspe e arminho, Tão amada ofrenda que te envia Deos!...

No Infinito mudo tua ingenua crença, Tremula ceguinha de risonho alvor, Eil-a andando, andando, como que suspensa, Pelos descampados d'uma noite imensa, Vastidões d'assombros, amplidões d'horror!... E onde a aguia, o genio de pupila ovante, Tem vertigens, auras, desfalece e cae, A ceguinha debil, vagabunda, errante, D'olhos ás escuras. Infinito adiante, N'um enlevo aereo perpassando vae!...

De quem ouvirei eu nestes desertos uma voz grata que me leia os Vêdas, na noite proxima, co'o mesmo empenho que tinhas em saber os santos dogmas? E quem, meu filho, levará dos bosques á mansão nossa fructos e legumes, sempre que a fome dominar os cegos? E esta ceguinha, carregada de annos, tua mãi, esta boa penitente, como a sustentarei, eu que sou fraco, que sou cego como ella e sem amparo?

Olha como embrulhado Que está ainda o céo E o chão, como ensopado Da agua que choveu... Foi um diluvio d'agua; E o furacão, que fez, Emilia! até mágoa Tantos estragos: vês? Esta infeliz víuva, Foi-lhe o telhado ao ar; Depois, nem da chuva Tinha onde se abrigar. De mais a mais sósinha, Sem ter nenhum dos seus Aqui ao ; ceguinha... Bemdito seja Deus!

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