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A mi não me fizeste Alguma sem razão; que bem conheço Que tanto não mereço: Fizeste-a áquelle bem firme e sincero Que sabes que te quero, Em lhe tirar a gloria merecida. Perca, quem te perdeo, tambem a vida. DURIANO. Cresce cad'hora em mi mais o cuidado, E vejo qu'em ti cresce juntamente Cad'hora mais de mi o esquecimento.

Que o valer De vosso alto merecer, Com lho pedir de giolhos, Fara qu'em meu padecer Possa ver O poder que tẽe seus olhos. Vossa muita formosura Com a sua tanto val, Que me rio de meu mal, Quando cuido em quem me cura. A meus ais, Peço-vos que lhe valhais, Damas de Amor tão valídas, Que nunca tal dor sintais, Que queirais, Onde não sejais queridas.

Bem no effeito se sente Cessar, cessando a causa donde pende; Que o fogo mais se accende, Estando á vista, donde mais ausente; Mas n'alma vivamente A trazem debuxada, De noite Amor, de dia o pensamento: E quando Apollo deixa o claro assento, Por entre sombras vejo a Nympha amada. Pois se sem luz Amor os olhos ceva, Cego, se não concede Qu'em nada a Amor impede a escura treva.

Mas eu, de gente em gente, Trouxera trasladada Em meu tormento vossa gentileza; E somente a aspereza De vossa condição, Senhora, não dissera, Porque se não soubera Qu'em vós podia haver algum senão. E se alguem, com razão, Porque morres? dissesse, respondêra: Morro, porque he tão bella, Qu'inda não sou para morrer por ella.

Mas ai! qu'em vão te chamo, em vão te rógo; Que nem tu a meus rogos tens respeito, Nem eu, por mais que grite, desaffógo. Hum coração em lagrimas desfeito Como ja não te abranda? quem encerra Crueza tal em tão formoso peito? Não reina Amor no mar, como na terra? Bem sabes que mil vezes ja venceo A Neptuno teu Rei em clara guerra. Sua formosa mãe onde nasceo, Senão no proprio mar em que te banhas?

A mãe, ja convertida, traz comsigo; O pae, ja Christão feito, fallecêra, Com que soube evitar o grão castigo Que, morrendo Gentio, não soubera. Amor celeste, como aqui não digo O teu sublime obrar? Vinha mais nesta nova companhia Florencia, irmãa do Rei, da mãe cuidado; Florencia, qu'em belleza florecia, Como flor em jardim bem cultivado.

E com esta graveza Estava tudo triste, Porém o triste Almeno mais que tudo: Tomando por escudo De sua doce pena, Para poder soffrella, Estar imaginando a causa della; Qu'em tanto mal he cura bem pequena. Maior o he o tormento, Que toma por allívio hum pensamento. Ao rio se queixava Com lagrimas em fio, Com que as ondas crescião outro tanto.

Não lhe alargueis, Senhora, mais a vida; Acabará morrendo em seu officio, Sua defendendo e lealdade. Eu vivia de lagrimas isento, N'hum engano tão doce e deleitoso, Qu'em qu'outro amante fosse mais ditoso Não valião mil glorias hum tormento. Vendo-me possuir tal pensamento, De nenhuma riqueza era invejoso; Vivia bem, de nada receoso, Com doce amor e doce sentimento.

Oh que alegria! Voltas. Polo meu apartamento Se arrazárão todos d'ágoa. Quem cuidou qu'em tanta mágoa Achasse contentamento? Julgue todo entendimento Qual mais sentir se devia, Se esta dor, se esta alegria? Quando mais perdido estive, Então deo a est'alma minha Na maior mágoa que tinha, O maior gôsto que tive. Assi, se minha alma vive, Foi porque me defendia Desta dor esta alegria?

Mas faça o que quizer o vil costume; Que o sol, qu'em vós está, Na escuridão dara mais claro lume. A quem darão de Pindo as moradoras, Tão doctas como bellas, Florecentes capellas De triumphante louro, ou myrto verde; Da gloriosa palma, que não perde A presumpção sublime, Nem por fôrça de pêzo algum se opprime?