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Quando elle escreveu as Miniaturas, dando-nos nas confidencias talvez involuntarias da sua alma, a revellação d'um artista adoravel, duas grandes tristezas o opprimiam, tristezas que elle, seguindo talvez sem dar por isso, o fecundo conselho de Goethe, transformou em poesia, que será lida emquanto se fallar e se escrever portuguez. Eram-lhe hostis o meio physico e a atmosphera moral em que vivia.

O seu pensamento tinha a tenacidade da mola, e não a rigeza do bronze nem o peso do chumbo. Vivia dentro do seu Portugal como um javardo no seu refoio: assaltado, investia, despedaçando tudo com as fortes prezas. Perseguido, fugia. Não tinha a nobreza do leão, nem a astucia ferina do tigre: possuia apenas a tenacidade brava e bronca do javali.

Passaram alguns anos, uniformes, que a doença de um filho ou do marido vinham alvoroçar de longe a longe, e que por fim se sumiam na memória, na mesma cinza neutra, pardamente. Vivia como se fôsse a própria sombra. não esperava ter mais filhos. Quando soube que ia ser mãe ainda uma vez, teve a emoção maior da sua vida. Certo, ela foi sempre boa mãe: amava os seus dois filhos muito e muito.

Solitario na sua vivenda, elle tinha por familia o seu rebanho, com quem, por quem, e para quem, vivia; sempre lhano, sempre dadivoso da sua pobreza, sempre paschoas-florídas para grandes e pequenos, temido dos maus, ainda que tambem d'esses respeitado.

Não cria nas caras alegres da gente que ia pela rua: preoccupações, desejos, odios, tristezas, outras cousas, iam dissimuladas por umas tres quartas partes dellas. Vivia a temer um filho cego ou surdo-mudo, ou tuberculoso, ou assassino, etc.

Vivia em Roma nos primeiros annos do reinado do principe perfeito um foragido português, seu inimigo entranhavel, o cardeal D. Jorge da Costa. Foi o rei emprazado para apparecer ante o papa, por si ou por procurador, para dar explicações ácerca do seu procedimento.

O coração vivia com centenares de cabeças como a hydra. O coração é a salamandra de seus proprios incendios; lacera-se, como o pelicano; de cada golpeada tira golfos de sangue, e n'este sangue medram esperanças, cada dia mais infernadas.

Uma Princeza nossa vivia tambem ali: uma irmã do proprio Rei de Portugal: a Infanta Dona Maria, casada em 1354 com o irmão do Ceremonioso, o celebre Infante Dom Fernando que estivera para ser-lhe anteposto na herança da Corôa aragoneza; que generosamente lh'a conservára quando á frente da formidavel Union, e que acabára por lh'a defender com as armas na mão.

vivia, entregue ás leis dos sentidos, ao codigo do mais forçado, á vontade do mais prepotente. Os seus habitantes afundavam-se nas matas gigantescas, que similhavam os alicerces dos ceus. Tinham a quina, o café, o assucar, a canella; sentavam-se á sombra do cedro, do secular palisandro e da alta palmeira.

Convem estudar a época em que nasceu o carrasco. Depois o ouviremos. Os tres estados eram a base da nossa organisação politica e social: clero, nobreza e povo. Todavia, elementos preponderantes eram os dous primeiros. Vivia e medrava o povo como machina. Trabalhava, suava e mourejava para alimentar e enriquecer o sacerdocio e a nobreza.