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E sendo el-rei doente, em Lisboa, da dôr de que se então finou, fez chamar Diogo Lopes Pacheco e outros, e disse-lhe que elle sabia bem que o infante Dom Pedro, seu filho, lhe tinha vontade, não embargando as juras e perdão que fizera, da guisa que elles bem sabiam; e que, porquanto se elle sentia mais chegado á morte que á vida, que lhes cumpria, de se pôrem em salvo fóra do reino, porque elle não estava em tempo de os poder defender d'elle, se lhe algum nojo quizesse fazer.

Sabia elle, porque desde infante o escutara diariamente ao padre Alvaro, que a religião manda perdoar, e que a doutrina da egreja quer que se recebam as humilhações em justa expiação das faltas commettidas; mas tambem não ignorava que, algumas vezes, sob as proprias vestes sacerdotaes, se encobrem violentas e desapiedadas cóleras.

Mas a Rainha, e o Infante D. Pedro, e toda a côrte, vendo-o com sua triste livré, renovaram com sua vista outros prantos maiores, nem era sem razão; porque n'elle pareciam signaes de tanta tristeza, e dizia palavras de tanto sentimento, que aos dormentes na dôr espertava para chorar, e ser tristes.

O qual pelas espias que com todos trazia foi logo certificado dos percebimentos de gentes e armas que o duque para isso fazia, e como fazia fundamento de vir e passar em tal auto, e sem prazer do Infante por suas terras, e sobre o que o Infante n'isso faria, de resistir com força sua passagem, ou a dessimular com paciencia, teve com os seus conselhos, em que houve votos desacordados, e finalmente o Infante seguindo a opinião do conde d'Abranches e d'alguns outros que com a sua conformaram, determinou com armas lhe resistir, mostrando que recebia de Deus muita mercê despoer-lhe assim de uma pessoa a elle tão damnosa, vingança tão bem aparelhada e tanto desejada, pelo qual de Coimbra se foi á sua villa de Penella, d'onde as novas de seu fundamento correram logo á côrte d'El-Rei que era em Santarem, e com todo o desfavor do Infante alguns fidalgos seus amigos e servidores que eram na côrte, sentindo que em tal tempo teria d'elles necessidade, se vieram logo para elle, assim como Aires Gomez da Silva com Fernão Tellez, e João da Silva seus filhos, e Luiz d'Azevedo, e Martim de Tavora, e Gonçalo d'Atayde, e outros muitos de menos condição, e n'este caso Alvaro Gonçalves da Tayde conde da Atouguia e seus filhos, sendo criados e feitura do Infante, pelo não irem servir n'esta jornada, foram como ingratos á sua criação e bemfeitoria geralmente bem reprendidos, especialmente que para sua encuberta usaram de praticas, e fazendo-se manhosamente e por suas astucias prender e impedir, para não irem acompanhar e servir o Infante, fazendo-o desleal e contrairo ao serviço e obediencia d'El-Rei.

O infante morreu em 1460, e com a sua morte parou o movimento das navegações. A empreza, primeiro esboçada, parecia colossal de mais para as forças da nação: não podiam ellas vencer de todo, nem o Mar, nem Marrocos; e o que se tinha conseguido, perante os resultados praticos, desanimava, e fazia sentir cansaço.

As tendencias reaccionarias e impetuoso caracter do Infante haviam-no prejudicado na estima da Inglaterra, que antes desejava ver sentado no throno de Portugal o Imperador, temperamento igualmente impetuoso, mas mais polido e com certa educação politica adquirida, de natureza constitucional.

E o Infante depois de sobretudo haver largas repricas e praticas, lhe encommendou muito o assessego da cidade, e que para as côrtes que se chegavam, podiam livremente requerer e apontar o que lhes bem parecesse, e que elle no que fosse direito e justiça os ajudaria: e com isto se despediu d'elles, e se tornou a Camarate.

«O infante D. Pedro foi julgado criminoso de lesa-magestade, porém el-rei restabeleceu seu filho em todas as honras, e dignidades antecedentes. «O snr.

Ao tempo que o dito Rei falleceu não eram em Thomar outras pessoas principaes, depois do Principe D. Affonso e seu irmão, salvo a Rainha D. Lyanor sua mulher, filha d'El-Rei D. Fernando d'Aragão, e o Infante D. Pedro, irmão primeiro legitimo d'El-Rei: o qual, por dar ordem ao alevantamento d'El-Rei D. Affonso seu sobrinho, e ás outras cousas que pertenciam para bem do reino, ficou na dita villa e não foi com o corpo de seu irmão, a que não falleceu outra muita e honrada companhia.

Mas é mais provavel que, «por esforço do infante D. Pedro», como diz Landim, lhe fossem feitas aquellas mercês. As duas phrases, de Ruy de Pina e do infante D. Pedro, que logo citaremos, fallam apenas de Ceuta; supponho, por isso, que D. Alvaro Vaz de Almada não iria mais longe n'essa segunda ausencia.