United States or Italy ? Vote for the TOP Country of the Week !


Fica-te embora, e perde a confiança De ver-me nunca mais, como ja viste: Que assi se desengana huma esperança. ALMENO. Oh duro apartamento! oh vida triste! Oh nunca acontecida desventura! Pois como, Nympha? assi te despediste? Tua nunca entendida gentileza, E teus membros assi se transformárão, Negando-se-lhe a propria natureza?

Tu nessa phantasia falsa e nua, Para engano maior de teu perigo, Não queres companhia mais que a sua. Vou-me d'aqui, e fique Deos comtigo; E ficarás melhor acompanhado. ALMENO. Elle comtigo , como comigo Me fica acompanhando o meu cuidado. ALMENO e BELISA.

Perda grande! Não vês quão mal os dias vás passando? ALMENO. Formosos olhos, ande a gente e ande; Que nunca vos ireis dest'alma minha, Por mais qu'o tempo corra, a morte o mande. AGRARIO. Quem poderá cuidar que tão asinha Se perca o curso assi do siso humano, Que corre por direita e justa linha?

Ora se tu vês claro, amigo Almeno, Que d'Amor os desastres são de sorte, Que para matar basta o mais pequeno, Porque não pões hum freio a mal tão forte, Qu'em estado te põe, que sendo vivo, Ja não se entende em ti vida nem morte? As cabras por o mar irão buscando Seu pasto; e andar-se-hão por a espessura Das hervas os delfins apascentando.

Porqu'a quem falta a voz para fallar-te, E a quem falta o despejo da ousadia, Tambem faltarão mãos para tocar-te. BELISA. Que me queres, Almeno, ou que porfia Foi a tua tão aspera comigo? Minha vontade não to merecia. Se com amor o fazes, eu te digo, Qu'amor, que tanto mal me faz em tudo, Não póde ser amor, mas inimigo. Não es tu de saber tão falto e rudo, Que tão sem siso amasses, como amaste.

Mas não querendo Amor, que deste geito Dos corações andasse triumphando, Em quem elle criou tão puro affeito; Pouco a pouco me foi de mi levando Dissimuladamente ás mãos de quem Toda esta injuria agora está vingando. AGRARIO. Deste teu caso, Almeno, eu sei mui bem O princípio e o fim; que Nemoroso Contado tudo isso, e mais, me tem.

ALMENO. Onde viste tu, Nympha, amor sisudo? Porque ja não te lembra que folgaste Com meus tormentos tristes, e algum'hora Com teus formosos olhos ja m'olhaste? Porqu'a memoria tão á pressa perdes Do amor que me mostravas, qu'eu não digo, Se o vós, ó altos montes, não disserdes? E como te não lembras do perigo, A que por m'ouvir t'aventuravas, Buscando horas de sesta, horas d'abrigo?

E qu'outr'hora nenhuma alegre esteja, Senão quando do seu despôjo amado Sua inimiga estar triumphando veja. Quero fallar com este, qu'enredado Nesta cegueira está sem nenhum tento. Acorda ja, pastor, desacordado. ALMENO. Oh porque me tiraste hum pensamento, Que agora estava aos olhos debuxando, De quem aos meus foi doce mantimento? AGRARIO. Nesta imaginação estás gastando O tempo e vida, Almeno?

A versificação está certa, mas o sentido he absurdo: e se a verdadeira lição não he: Porque, cruel menino, o premio partes De modo que es tyranno, quando o negas, E injusto e desigual, quando o repartes? não podemos adivinhar qual seja. Ao d'hum'alta faia vi sentado, N'hum valle deleitoso e bem florido, A Almeno, pastor triste e namorado.

E com esta graveza Estava tudo triste, Porém o triste Almeno mais que tudo: Tomando por escudo De sua doce pena, Para poder soffrella, Estar imaginando a causa della; Qu'em tanto mal he cura bem pequena. Maior o he o tormento, Que toma por allívio hum pensamento. Ao rio se queixava Com lagrimas em fio, Com que as ondas crescião outro tanto.

Palavra Do Dia

líbia

Outros Procurando