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Porque eu tenho parentes, Que me podem bem casar; E mais que não quero andar Agora em boca de gentes A quem s'elle vai gabar. Senhora, mal conheceis O que vos quer Duriano: Sabei-o, se o não sabeis, Qu'em sua alma sente o dano Do pouco que lhe quereis; E que outra cousa não quer, Que ter-vos sempre servida. Pola sua negra vida, Isso havia eu bem mister. Vós sois desagradecida!

Perca, quem te perdeo, tambem a vida. DURIANO. Por ti a noite escura me contenta; Por ti o claro dia m'aborrece; Abrolhos me parecem frescas flores; A doce Philomela m'entristece: Todo contentamento m'atormenta Com a contemplação de teus amores; As festas dos pastores, Que podem alegrar toda a tristeza. Em mi tua crueza Faz que o mal cada hora dobrando.

Si, que tudo são enganos Em tudo quanto fallais. Não quero que me creais: Crede o tempo; que ha dous anos Que vos serve, e inda mais. Senhor, bem sei que m'engano; Mas a vós, como a irmão, Descubro este coração: Sabei que a Duriano Tenho sobeja affeição. Olhae que lhe não digais Isto que vos aqui digo. Senhora, mal me tratais: Inda que sou seu amigo, Sabei que vosso sou mais.

Ja deixava dos montes a altura, E nas salgadas ondas s'escondia O sol, quando Frondoso e Duriano, Ao longo d'hum ribeiro, que corria Por a mais fresca parte da verdura Claro, suave e manso, todo o ano, Lamentando seu dano, Vinhão ja recolhendo o manso gado.

Ora tenho assentado, que amor destas anda com o dinheiro, como a maré com a lũa: bolsa cheia, amor em ágoas vivas; mas se vasa, vereis espraiar este engano, e deixar em sêcco quantos gostos andavão como o peixe na ágoa. Filodemo e Duriano. Ó ! sois vós?

Porque, dura, engeitaste De hum verdadeiro amor, que tu bem vias, A , que conhecias, Por outra de ti nunca conhecida? Perca, quem te perdeo, tambem a vida. DURIANO. Vai-se co'o seu pastor o manso gado, Porque d'amor entende aquella parte, Qu'a natureza irracional lh'ensina. O rustico leão sem algum'arte, Do natural instincto ensinado, Aonde sente amor, logo se inclina.

Como templará el destemplado? Quem poderá dar o que não tẽe, Senhor Duriano?

Mas ter Solina tambem Em Duriano o intento, He levar-me a lenha o vento; Porque s'ella lhe quer bem, Para bem vai meu tormento. Mas foi-se este homem perder Neste tempo, de maneira, Por huma mulher solteira, Que não me atrevo a fazer Que hum pequeno bem lhe queira.

DURIANO. Longo curso de tempo, e apartado Lugar a hum coração, que vive entregue, Não podem apartar de seu intento. Porque foges, cruel, a quem te segue? Não vês que teu fugir he escusado, Pois sem mim não estás hum momento? Torna, cruel; não fujas a quem t'ama: Vem a dar vida, ou morte a quem te chama.

Pois não devia assi de ser, polos santos Evangelhos! mas muitos dias ha que eu sei que o amor, e os cangrejos, andão ás vessas. Solina e Duriano. SOLINA, com a almofada. Aqui anda passeando Duriano, e comsigo Pensamentos praticando: Daqui posso estar notando Com quem sonha, se he comigo.

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