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Filodemo, hi-vos embora, Fallae depois com Solina. Vamos-nos tambem, Senhora. Receber seu pae lá fóra; Não venha sentir a mina. Vilardo e Doloroso, que vem dar hum descante a Solina com os Musicos. Assi que te contava, Doloroso, destas em que sempre andão rugindo as sedas. Avante, que bem sei que o não dizeis polas sedas de Veneza.
Ora sus: fazei como se temperasseis cabeça de pescada com seu figado e bucho, e canada e meia, que nunca meu pae fez tamanho gasto na sua Missa nova. Neste passo se dá a musica com todos quatro, hum tange guitarra, outro pentem, outro telhinha, outro canta cantigas muito velhas, e no melhor diz Vilardo: Estae assi quedos, que eu sinto quem quer que he. Justiça, pelo corpo de tal!
Porque ha d'assentar Que se não for com pão quente, Não ha de desaferrar. Ora hi pelo que vos mando, Villão feito de fermento. Sahe Vilardo. Triste do que vive amando Sem ter outro mantimento, Qu'estar só phantasiando! Só hũa cousa me desculpa Deste cuidado que sigo, Ser de tamanho perigo, Que cuido que a mesma culpa Me fica sendo castigo. Vem o moço, e assenta-se na cadeira Filodemo e diz avante
Com este, teus successores Se honrarão de serem teus; E dar-lhe-hão os escriptores, Por doze trabalhos seus, Doze milhões de louvores. E dessa illustre fadiga Colherás mui rico fruito: Enfim, a razão me obriga Que tão pouco delle diga, Porque o tempo dirá muito. FILODEMO. VILARDO, seu moço. DIONYSA. SOLINA, sua moça. VENADORO. MONTEIRO. DORIANO, amigo de Filodemo.
Porém far-lhe-hei hum partido, Porqu'ella não se querelle: Que se mostre seu perdido, Inda que seja fingido, Como lh'outrem faz a elle. E ja que me satisfaz, E tanto nisto se alcança, Dê-lhe fingida esperança: Do mal que lhe outrem faz, Tomará nella vingança. VILARDO só. Ora boa está a cilada De meu amo com sua ama, Que se levantou da cama Por ouvi-lo! Está tomada: Assi a tome má trama.
E como de seu Pae não tivesse herdado nada mais que os altos espiritos, namorou-se de Dionysa, filha de seu Senhor e Tio, que incitada ao que por suas obras e boas partes merecia, ou porque ellas nada engeitão, lhe não queria mal. Das mais particularidades da Comedia, fara menção o Auto, que he o seguinte. Filodemo e Vilardo. Moço Vilardo? Ei-lo vae. Fallae era má, fallae, E sahi cá para a sala.
Ora quero praticar Só comigo hum pouco aqui; Que despois que me perdi, Desejo de me tomar Estreita conta de mi. Vae para fóra, Vilardo. Torna cá: vae-me saber Se se quer ja lá erguer O Senhor Dom Lusidardo, E vem-mo logo dizer. Vai-se o moço. Ora bem, minha ousadia, Sem azas, pouco segura, Quem vos deo tanta valia, Que subais a phantasia Onde não sobe a ventura?
Dizeis mui bem. Vou-me lá Chamar o seu moço á sala; E s'este parvo vem cá, Com elle hum pouco rirá, Que sempre amores me fala. Vilardo, moço? Vilardo e Solina. Quem chama? Vem cá, moço; eu te chamo. Qu'he de teu amo? Ah que dama! Perguntais-me por meu amo, E não por hum que vos ama? E quem he esse amador, Que quer ter comigo passo? Será elle algum madrasso?
Vilardo e Filodemo. O Senhor Dom Lusidardo Dorme com todo o convento; E elle com o pensamento Quer estar fazendo alardo De castellinhos de vento! Pois tão cedo se vestio, Com seu damno se conforme, Pezar de quem me pario; Que ainda o sol não sahio: Se vem á mão, tambem dorme. Elle quer-se levantar Assi pela manhãzinha! Pois quero-o desenganar: Nem por muito madrugar Amanhece mais asinha.
Se vos fosse apresentado Este tormento em que vivo, Crerieis que foi ousado Este vosso, de criado Tornar-se vosso captivo? Filodemo e Vilardo. Ora eu creio, se he verdade Qu'estou de todo acordado, Que meu amo he namorado; E a mi dá-me na vontade Que anda hum pouco abalado. E se tal he, eu daria Por conhecer a donzella A ração d'hoje este dia; Porque a desenganaria, Somente por ter dó della.
Palavra Do Dia
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