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N'outra casa é uma fresca e loura creaturinha de desoito primaveras, puro lyrio domestico, que faz a leitura do Times a um velho tio general, tolhido de gotta, reliquia veneranda das guerras peninsulares; o velho escuta, pouco attento á politica do dia que detesta, mas muito ao encanto d'aquella voz d'oiro ao seu lado; de repente, porém, o pobre anjo gagueja, pára, faz-se da côr d'uma rosa, treme, a sua vergonha é tal que lhe saltam as lagrimas dos olhos, e foge, deixando o immundo Times nas mãos do general assombrado: ou então, caso peior, a doce rapariga, na sua candura de flôr d'estufa, não comprehende, imagina que aquillo é politica, continua a ler com a sua voz d'oiro, e o veneravel tio ouve de repente sahir dos labios de botão de rosa, feitos para murmurar o que ha de mais casto na musica de Weber, um enxurro torpe de babugens lubricas.

O tio Patricio, o antigo, negociante da Praça, muito liberal, e que quando passava pelos padres rosnava como um velho cão de fila, dizia ás vezes ao vêl-o atravessar a Praça, pesado, ruminando a digestão, encostado ao guardachuva: Que maroto! Parece mesmo D. João VI!

Os rapazes continuaram a adoecer, mas D. Lucas afirmava ao tio que tudo aquillo era fingimento e impostura para que os deixassem dormir no andar de cima, e o bom do banqueiro, que não tinha pequena cruz nas teimas e ralhações de sua mulher, não quiz continuar em divergencia com o sobrinho, e acabou por admittir o seu barbaro systema penitenciario.

Pois eu dei-te, pela minha palavra ou pelo meu exemplo, outras lições que não fossem de rectidão, de justiça, de humanidade e de honra?... «Realmente o meu tio surprehende-me immenso. Como é que um espirito tão lucido poude deixar de perceber, que eu podia tirar das suas doutrinas e dos nossos estudos communs, consequencias e ensinamentos diversos d'aquelles que o seu espirito tirava?

E nem consentiu que a suja carta das Louzadas desmanchasse a quieta manhã de trabalho para que se preparára desde o almoço, relendo trechos do Poemeto do Tio Duarte, folheando artigos do Panorama sobre as guerras de muralhas no seculo XII. Com um esforço d'attenção erudita abancou, mergulhou a penna no tinteiro de latão que servira a trez gerações de Ramires.

Não se podia consolar de viver em Leiria, de não poder beber o seu quartilho na taberna do tio João, á Mouraria, com a Anna alfaiata ou com o Bigodinho ouvindo o João das Biscas de cigarro ao canto da boca, o olho choroso meio fechado pelo fumo do tabaco, fazer chorar a guitarra dizendo a morte da Sophia!

A lenidade, a doçura do temperamento, a candidez de coração succedera ao irritavel e irritante caracter, ciumento das suas prerogativas, intractando no seu orgulho, espessa e epilepticamente incivil, da rainha impopularisavel, a favor de quem a habil espada liberal fizera desalojar o bruto tio, toureiro e forçudo, tão sympathico á plebe pelo seu bestial feitio genuinamente portuguez.

Um desmaio, resultado da grande fraqueza que tenho, de um passeio que dei longo de mais para as minhas forças... Pois tu saíste, Maria? Não enganes o teu tio. Aqui, Maria córava, e o frade vinha logo com o remedio, fugindo para outra idéa.

No dia immediato, o padre Barreiros foi procurar um sobrinho estabelecido com loja de ferragens na Fonte da Corcova, e offereceu-lhe o pequeno. O ferragista annuiu; mas declarou logo que o facto do rapaz ter andado no collegio «era o diabo»! Elle preferia os que sahiam das aldeias, sujeitos a toda a casta de trabalhos. Emfim, uma vez que o tio queria... Simão entrou para a loja ao anoitecer.

Lagarde prendeu meu pae, accusou-o, e tem suspensa sobre a sua vida a espada de um conselho de guerra... Tinha-me falado ha mezes n'este casamento... A minha recusa aggravou-o... e hoje, aqui mesmo, veiu propor-me salvar meu pae se eu consentisse... Oh, meu tio! interrompeu o mancebo fulminando o intendente com os olhos, e vermelho de colera e pejo. Não diga mais, minha senhora.