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Com o que me restava do seu dinheiro, comprei fósforos e revendi-os, apanhei pontas de charutos, serrei madeira, abri as portinholas das carruagens, fui moço de recados, escritor público, contratador de bilhetes de teatro, professor de esgrima, dei serventia a pedreiros, etc.; enfim, tal como me , possuo alguns centos de francos, que me produzirão avultados lucros.

Era essa protecção que tinha levantado em volta de mim Silva Porto, que ainda se fazia sentir. O sova Mavanda passou o dia comigo, e conversámos muito. Eu dei-lhe alguns pequenos objectos, e entre elles uma caixa de fòsforos, com que ficou maravilhado. Na occasião de retirar-se, disse elle aos seus macotas estas palavras, que me impressionáram pela figura empregada.

¿O sujeito de óculos de oiro, dentro do copé?... Não conheço, meu amigo. Talvez um parente rico, dêsses que aparecem nos enterros, com o parentesco correctamente coberto de fumo, quando o defunto não importuna, nem compromete. O homem obeso de carão amarelo, dentro da vitória, é o Alves Capão, que tem um jornal onde desgraçadamente a Filosofia não abunda, e que se chama a Piada. ¿Que relações o prendiam ao Matias?... Não sei. Talvez se embebedassem nas mesmas tascas; talvez o José Matias últimamente colaborasse na Piada; talvez debaixo daquela gordura e daquela literatura, ambas tam sórdidas, se abrigue uma alma compassiva. Agora é a nossa tipóia... ¿Quer que desça a vidraça? Um cigarro?... Eu trago fósforos. Pois êste José Matias foi um homem desconsolador para quem, como eu, na vida ama a evolução lógica e pretende que a espiga nasça coerentemente do grão. Em Coímbra sempre o consideramos como uma alma escandalosamente banal. Para êste juizo concorria talvez a sua horrenda correcção. Nunca um rasgão brilhante na batina! nunca uma poeira estouvada nos sapatos! nunca um pêlo rebelde do cabelo ou do bigode fugindo daquele rígido alinho que nos desolava! Alêm disso, na nossa ardente geração, êle foi o único intelectual que não rugiu com as misérias da Polónia; que leu sem palidez ou pranto as Contemplações; que permaneceu insensível ante a ferida de Garibaldi! E todavia, nesse José Matias, nenhuma secura ou dureza ou egoismo ou desafabilidade! Pelo contrário! Um suave camarada, sempre cordial, e mansamente risonho. Toda a sua inabalável quietação parecia provir duma imensa superficialidade sentimental. E, nesse tempo, não foi sem razão e propriedade que nós alcunhamos aquele môço tam macio, tam louro e tam ligeiro, de Matias-Coração-de-Esquilo. Quando se formou, como lhe morrera o pai, depois a mãe, delicada e linda senhora de quem herdara cincoenta contos, partiu para Lisboa, alegrar a solidão dum tio que o adorava, o general Visconde de Garmilde. O meu amigo sem dúvida se lembra dessa perfeita estampa de general clássico, sempre de bigodes terríficamente encerados, as calças côr de flor de alecrim desesperadamente esticadas pelas presilhas sôbre as botas coruscantes, e o chicote debaixo do braço com a ponta a tremer, ávida de vergastar o Mundo! Guerreiro grotesco e deliciosamente bom... O Garmilde morava então em Arroios, numa casa antiga de azulejos, com um jardim, onde êle cultivava apaixonadamente canteiros soberbos de dálias. Êsse jardim subia muito suavemente até ao muro coberto de hera que o separava de outro jardim, o largo e belo jardim de rosas do Conselheiro Matos Miranda, cuja casa, com um arejado terraço entre dois torreõsinhos amarelos, se erguia no cimo do outeiro e se chamava a casa da «Parreira». O meu amigo conhece (pelo menos de tradição, como se conhece Helena de Troia ou Inês de Castro) a formosa Elisa Miranda, a Elisa da Parreira... Foi a sublime beleza romântica de Lisboa, nos fins da Regeneração. Mas realmente Lisboa apenas a entrevia pelos vidros da sua grande caleche, ou nalguma noite de iluminação do Passeio Público entre a poeira e a turba, ou nos dois bailes da Assembleia do Carmo de que o Matos Miranda era um director venerado. Por gôsto borralheiro de provinciana, ou por pertencer

O José serrou-a n'umas poucas de partes, feriu lume n'uma pederneira, porque o Conde reprovava os fosforos como perigosos, e, pouco depois, uma chamma viva e alegre trepava pela chaminé. O Conde tornou a abrir o livro e continuou a ler Suetonio á luz de um bocado do seu palacio.

Que te importava a ti? Não, mas é que ao mesmo tempo essa pobre rapariga tanguista, que era uma triste lambisgoia, dizia-se apaixonada por mim e daí seringava-me a todo o momento, metia-me bilhetinhos pelo buraco da fechadura, espiava-me, com scenas de ciúmes... Uma carraça, uma cataplasma, um tédio! Uma noite, comeu as cabeças tôdas duma caixa de fósforos e foi naquela casa um reboliço... vomitórios, fricções, prantos, desmaios... tivemos que levá-la

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