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135 "As filhas do Mondego a morte escura Longo tempo chorando memoraram, E, por memória eterna, em fonte pura As lágrimas choradas transformaram; O nome lhe puseram, que inda dura, Dos amores de Inês que ali passaram. Vede que fresca fonte rega as flores, Que lágrimas são a água, e o nome amores.
Tais contra Inès os brutos matadores, No colo de alabaſtro, que ſoſtinha As obras com que amor matou de amores Aquelle que despois a fez Rainha: As eſpadas banhando, & as brancas ſlores, Que ella dos olhos ſeus regadas tinha, Se encarniçauão, feruidos & yroſos, No foturo castigo não cuidoſos.
120 "Estavas, linda Inês, posta em sossego, De teus anos colhendo doce fruto, Naquele engano da alma, ledo e cego, Que a fortuna não deixa durar muito, Nos saudosos campos do Mondego, De teus fermosos olhos nunca enxuto, Aos montes ensinando e
As filhas do Mondego, a morte eſcura Longo tempo chorando memorarão, E por memoria eterna em fonte pura As lagrimas choradas transformarão: O nome lhe poderão, que inda dura, Dos amores de Ines que ali paſſarão. Vede que freſca fonte rega as flores, Que lagrimas ſam a agoa, & o nome amores
Nos Lusíadas há alegria campesina, boninas, prados e jardins, uma natureza inocente e sem mácula; mas há tambêm águas que são já lágrimas de amor saudoso, há montes e ervinhas que andam a aprender no peito de Inês.
123 "Tirar Inês ao mundo determina, Por lhe tirar o filho que tem preso, Crendo co'o sangue só da morte indina Matar do firme amor o fogo aceso. Que furor consentiu que a espada fina, Que pôde sustentar o grande peso Do furor Mauro, fosse alevantada Contra uma fraca dama delicada?
Eſtauas linda Ines poſta em ſoſego De teus annos, colhendo doçe fructo, Naquelle engano da alma, ledo & cego, Que a fortuna não deixa durar muito, Nos ſaudoſos campos do Mondego, De teus fermoſos olhos nunca enxuto, Aos montes inſinando, & âs eruinhas O nome que no peito eſcripto tinhas.
E a paisagem de Coimbra ainda hoje vive a repetir essas lições; na Quinta das Lágrimas ainda hoje, da fonte correm sem descanço, ressoando em éco, os versos desta oitava: «As filhas do Mondêgo a morte escura Longo tempo chorando memoraram; E por memória eterna, em fonte pura As lágrimas choradas transformaram: O nome lhe puseram, que inda dura, Dos amôres de Inês, que ali passaram Vêde que fresca fonte rega as flôres, Que lágrimas são a água e o nome amores».
Tirar Ines ao mundo determina, Por lhe tirar o filho que tem preſo, Crendo co ſangue ſô da morte indina, Matar do firme amor o fogo aceſo: Que furor conſentio, que a eſpada fina, Que pode ſustentar o grande peſo Do furor Mauro, foſſe aleuantada, Contra hũa fraca dama delicada?
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