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Atualizado: 5 de junho de 2025


Meu Couto Monteiro, é justo que ponhas no prego o sineiro que á patria com fome propines uns nacos de sino em patacos: verás como os come. Mamãsinha impertinente, não te ponhas com tolices. Faze como se não visses se vires a filha innocente lendo as minhas criancices.

Eu conheço bem o sitio, senhor parocho, e creia o que lhe digo: para um senhor ecclesiastico que tem o seu arranjinho, não ha melhor que a casa do sineiro! Amaro parou diante d'ella, rindo, familiarisando-se: Ó tia Dionysia, diga com franqueza: não é a primeira vez que vossê aconselha a casa do sineiro, hein? Ella então negou, muito decisivamente. Era homem que nem conhecia, o tio Esguelhas!

Oh, senhor parocho, acudiu o sineiro, eu, a casa, os trastes, está tudo ás ordens! Bem , é no interesse d'aquella alma, é um regosijo para Nosso Senhor... E p'ra mim, senhor parocho, e p'ra mim! O que o tio Esguelhas receava é que a casa não fosse decente e não tivesse as commodidades... Ora! fez o padre sorrindo, n'um renunciamento de todos os confortos humanos.

Ás vezes mesmo ao despir-se, no quarto do sineiro, parava de repente, e fazendo um rostinho triste: Ai, filho! até me parece peccado, nós aqui a gozarmos, e a pobre pequena em baixo a luctar com a morte... Amaro encolhia os hombros. Que lhe haviam elles de fazer, se era a vontade de Deus?... E Amelia, resignando-se á vontade de Deus em tudo, ia deixando cahir as sáias.

Pensava assim horas inteiras, sobre a sua costura; pensava assim, mesmo no caminho para casa do sineiro; e depois de ter estado um momento com a Tótó, muito quieta agora, extenuada da febre lenta, quando subia ao quarto, a primeira pergunta a Amaro era: Então, ha alguma novidade? Elle franzia a testa, rosnava: A Dionysia anda... Porquê, tens muita pressa?

Não tardou a vir ter com elle, com uma face grave que impressionou o sineiro. Cubra-se, cubra-se, tio Esguelhas. Pois eu venho fallar-lhe d'um caso sério... Verdadeiramente pedir-lhe um favor... Oh, senhor parocho!

Mas tinha-lhe vindo aquella idéa de noite, a malucar na cama. Pela manhã cedo fôra examinar o sitio, e reconhecera que estava a calhar. Tossicou, foi-se aproximando sem ruido da porta; e voltando-se ainda, com um ultimo conselho: Tudo está em que vossa senhoria se entenda bem com o sineiro. Era isso agora o que preoccupava o padre Amaro.

Entre, tio Esguelhas, entre. O sineiro cerrou a porta, e depois de hesitar um momento: Vossa senhoria ha de desculpar, mas... Tinha-me esquecido de todo, com os desgostos que tenho passado. ha tempo que achei no quarto isto, e pensei que... E metteu na mão de Amaro um brinco d'ouro. Elle reconheceu-o logo: era d'Amelia.

Contou então com bonhomia ao tio Esguelhas e aos dois sacristães que, quando era pequeno, em casa da senhora marqueza d'Alegros, o seu grande desejo era ser um dia sineiro... Riram muito, extasiando-se com a pilheria de sua senhoria. Não se riam, é verdade. E não me ficava mal... N'outros tempos eram clerigos d'ordens menores que tocavam os sinos.

Toda a noute o sineiro tem secretos Desejos de espreitar como é que eu passo!... Imita o som dos sinos indescretos... E canta, n'uma voz que abala os tectos, Ao som das cambalhotas do palhaço! E assim eu vivo n'uma trapeira... Onde as pennas das pombas deixam rastros... Exposta todo o dia á soalheira, E onde passo dormindo a vida inteira, Nas visinhanças limpidas dos astros!

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