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Tu não morreste... Falla á tua irman, á tua Joanna; dize-lhe que estás vivo, que não es a sombra d'elle... Não es, não, que eu sinto a tua mão quente na minha que queima, sinto-a estremecer como a minha... Carlos, meu Carlos! dize, falla-me: tu estás vivo e são? E es... es o meu Carlos? Tu proprio, não é ja o sonho, es tu?... 'Pois tu sonhavas? tu, Joanna, tu sonhavas commigo?

Tu não morreste... Falla á tua irman, á tua Joanna; dize-lhe que estás vivo, que não es a sombra d'elle... Não es, não, que eu sinto a tua mão quente na minha que queima, sinto-a estremecer como a minha... Carlos, meu Carlos! dize, falla-me: tu estás vivo e são? E es... es o meu Carlos? Tu proprio, não é ja o sonho, es tu?... 'Pois tu sonhavas? tu, Joanna, tu sonhavas commigo?

Tu então não morreste; apenas d'esta lida Immensa, em que mostraste o fulgido talento, Descanças. No teu corpo ha ainda essa vida Que palpita da terra ao proprio firmamento. A vida da materia. Então bellas, formozas, Por cima d'essa campa onde agora repouzas, Hão-de brotar de ti as lindas flores viçosas Na vaga poesia harmonica das cousas.

Pois bem! disputaremos esses mesquinhos, fugitivos haveres tu, ó filho do Carpinteiro, mostrando á titi a chaga que por ella recebeste, uma tarde, n'uma cidade barbara da Asia, e eu adorando essa chaga, com tanto ruido e tanto fausto, que a titi não possa saber onde está o merito, se em ti que morreste por nos amar de mais, se em mim que quero morrer por não te saber amar bastante!... Assim pensava, olhando de través o céo, no silencio da rua de S. Lazaro.

Não morre: eterno como a fonte d'onde Dimana a luz, a vida, amor e tudo, Que amostra a terra, amostra o mar, e esconde O céo, o espaço, o infinito mudo... O mundo mudo! para quem? responde, Valente martyr! que o pesado escudo, Com que a verdade os olhos encobria, Morreste mas quebraste á luz do dia.

Mas tu, miseravel canalha, tu, concebido no monturo e dado á luz no cano do esgoto, tu que não conheceste pae nem mãe, producto espontaneo da grande immundice anonyma, apparecido como a flor da febre á superficie do pantano, tu que não recebeste baptismo, nem confirmação, nem ordem, nem matrimonio, nenhum finalmente d'esses preciosos beneficios que abrem o céo e que a igreja confere por uma tarifa de preços superiores aos teus capitaes, tu, não tinhas no cemiterio de Lisboa senão um logar usurpado, roubado indignamente ás pessoas de bem. Estoiraste para um canto no enchurro em certa noite de inverno. Viveste e morreste fóra dos sacramentos da nossa Santa Madre Igreja.

Dor, Tedio, Desenganos e Pesares... Atraz d'elles a Morte espreita ainda... Conheço-vos. Meus guias derradeiros Sereis vós. Silenciosos companheiros, Bemvindos, pois, e tu, Morte, bemvinda! Quia aeternus Não morreste, por mais que o brade á gente Uma orgulhosa e van philosophia... Não se sacode assim tão facilmente O jugo da divina tyrannia!

Oh, sagrado holocausto duma vida austera e solitária, corajosa, vivida a todo o tempo, paciente labor de muitos sóis, de rudes provações que experimentaram a tempestade, a calma, a noite e o dia, águas violentas que flagelavam e águas de brandura, salutar afago, luares calados, doces sonhadores, e o desalento do ardor do Estio e a branca inércia das manhãs do inverno, toda a luz, todo o tumulto e toda a paz, todo o infinito ser de infinitos mundos!... Tu morreste bendita dando aos homens todo o calor que guardas nas entranhas, para agasalhares os berços e o trabalho, para retemperares os seios que amamentam e para aquecer os braços que se tisnam na escravidão da terra redentora!

Cesar dirá: Sou digno de memoria: Vencendo povos varios e esforçados, Fui Monarca do mundo; e larga historia Ficará de meus feitos sublimados. He verdade: mas esse mando e glória, Lograste-o muito tempo? Os conjurados Bruto e Cassio dirão que, se venceste, Emfim, emfim, ás mãos dos teus morreste.

Fantasmas de mim mesmo e da minha alma, Que me fitaes com formidavel calma, Levados na onda turva do escarceo, Quem sois vós, meus irmãos e meus algozes? Quem sois, visões miserrimas e atrozes? Ai de mim! ai de mim! e quem sou eu?!... Não morreste, por mais que o brade á gente Uma orgulhosa e van philosophia... Não se sacode assim tão facilmente O jugo da divina tyrania!

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