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Foi que eu passei de um veneravel parocho d'aldeia, portuguez velho em costumes, em linguagem, em crenças, vulto poetico e sancto, para um inglez impertigado, monosyllabico, iconoclasta, libertador de pretos alheios, escravisador de saxões e irlandezes brancos; n'uma palavra galgei de um a outro pólo da humanidade.

A Historia ha de gelar no coração das creanças, quando os saxões e os outros, as raças praticas, vierem tentar o Ocidente... Antevejo conflictos entre as futuras searas de adolescentes, sortidas de pequenos demonios dourados, sardentos e gulosos dos meus bens. Deixae-me beijar-vos, oh adolescentes morenos da minha raça, corpos de sombra e sonho, pelo vosso triumpho!

A causa da Irlanda é sagrada, como é a causa de todas as victimas. Os tres reinos da Gran-Bretanha estiveram divididos, durante os primeiros seculos da Edade-Média. Os saxões estabeleceram quatro reinos differentes durante metade do seculo V, e tres, no seculo VI. Depois da expulsão dos romanos houve dois reinos na Escocia e cinco, pelo menos, na Irlanda.

Os modestos banquetes, com que entre nós o eleito obsequeia os seus eleitores não se parecem muito com esses prodigiosos espectaculos em que sómente para lhe agradarem a elle, ao povo-rei, senadores como Symmachus mandavam vir ursos do norte, leões da Africa, cães da Escocia, crocodilos do Nilo, d'esse verde Nilo, de que Cleopatra fôra a serpente lasciva, cavallos de Hespanha, comicos da Grecia, gladiadores saxões, mimicos, cocheiros, de Byzancio, o inferno!... Todo o mundo, então conhecido, contribuia para o prazer cruel d'esse povo insolente!

O que diz Camões a quem, depois de o ter lido com olhos de homem de gosto, o relê com olhos de philosopho? Camões, responde o snr. Oliveira Martins, diz-nos o segredo da nacionalidade portugueza. Houve, com effeito, uma nacionalidade portugueza por mais estranha que esta affirmação nos pareça, a nós portuguezes do seculo XIX, que não atinamos a encontrar no presente uma causa vivendi: houve uma razão de ser tanto para as instituições como para os individuos, e uma idéa nacional, espalhada como a alma collectiva por todo este corpo, então vivo e agil. E não houve uma nacionalidade portugueza, mas essa nacionalidade, superior aos impulsos cegos da raça e á fatalidade da geographia, produziu-se como uma obra do esforço e da vontade, não resultado de obscuros instinctos primitivos, como um facto politico e moral, não como um facto ethnologico. Quando em Hespanha não havia ainda senão catalães, castelhanos, leonezes e navarros; em França provençaes, gascões, borguinhões, bretões; em Allemanha suabos, austriacos, saxões, hanoverianos; em Italia tantos pequenos estados rivaes quantas cidades, e não se fazia bem idéa do que fosse ser hespanhol, francez, allemão, italiano, porque estas palavras França, Hespanha, Allemanha, Italia designavam apenas vagas agrupações naturaes e não grupos organisados em Portugal havia portuguezes, e ser portuguez tinha uma significação definida e precisa. Este é o grande facto, diz o sr. Oliveira Martins, que faz delle o seu ponto de partida: daqui, a cohesão politica da nação; daqui a sua physionomia moral. Essa cohesão é a unidade; essa physionomia é o patriotismo. O patriotismo, pondera acertadamente o sr. Oliveira Martins, é cousa muito distincta do amor da terra: e o patriotismo, como os portuguezes dos seculos XV e XVI o conceberam, foi um phenomeno moral quasi unico na Europa de então, e que os tornou muito mais parecidos com os romanos antigos do que com os povos seus contemporaneos. O patriotismo é uma idéa abstracta, que excede a capacidade toda sentimental da raça; o instincto naturalista da raça o amor da terra; não vai mais além: a idéa nacional póde dar o patriotismo, comprehendido á romana e á portugueza. O Cid batalha mais de uma vez contra os castelhanos, ao lado dos arabes; o condestavel de Bourbon vira a sua espada aventureira contra a França que o viu nascer; nem por isso deixa o Cid de ser um typo de bravura idealisado pelos hespanhoes, e o condestavel de Bourbon um leal cavalleiro para todos os cavalleiros de França; mas os Pereiras, combatendo ao lado dos castelhanos em Aljubarrota, são malditos, arrenegados; e, mais tarde o Magalhães será portuguez no feito, porém não na lealdade: apostataram da idéa nacional. Eis a grande differença. Esta noção do patriotismo cria uma ordem de sentimentos particulares dos individuos para com a nação, um modo de ser moral peculiar.

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