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Deixae, ó Amadryas, entretanto As plantas que guardais, por ajudar-me, Pois deixa a Philomella o doce canto. E vós, ó vida minha, pois curar-me Ja não podeis, deixae-me juntamente, Porque lembranças taes possão deixar-me. Mas se dellas morreis, morro contente.
Não sei porque tomais esta vingança, Mostrando-vos na ausencia tão saudosos, Se sabeis quanto póde huma esperança. Olhos, não aggraveis outros formosos, Tornando hum puro amor em esquivança, Pois ficais por esquivos desdenhosos. Lembranças, que lembrais o bem passado Para que sinta mais o mal presente, Deixae-me, se quereis, viver contente, Morrer não me deixeis em tal estado.
Algumas vezes tive em resposta, pedindo, uma ameaça, uma insolencia, um epitheto injurioso. «Está fechada a minha Illiada de lagrimas. Deixae-me engrandecer até á valentia moral do bravo capitão de Homero. Os cabellos branquearam-se-me em tres mezes; mas venci a desgraça, porque nas mãos do Omnipotente fui instrumento de fortaleza. «Meus amigos, não quero que a minha historia descaia em sermão.
Deixae-me vós a mi com o caso, que eu sei melhor as pancadas a estes vintes, que vós; e eu vo-la farei hoje vir a nós sem gafas; e vós entretanto acolhei-vos a sagrado, porque ei-la lá vem. Olhae lá: fazei que a não vêdes, e fingi que fallais comvosco; que faz a nosso caso. Dizeis bem.
Vós sois a revoada das novas moscas pretendendo expulsar a revoada velha. Ora, moscas por moscas sendo meu destino que ellas sempre me cubram e me comam prefiro as antigas moscas saciadas ás novas moscas famintas. Deixae-me em paz. E notae que eu nem sequer vos abano as orelhas, que é para não bolir comigo!
Deixae-me escutar n'um ecco d'alma aquelles versos: Depois que entre os abraços delirantes de todos os que amei findar meus dias, sepultae-me n'um valle ignoto e fertil. Para marcar da sepultura o sitio, sobre o cadaver que vos foi tão caro mangeronas plantae, cuja verdura em roda fecham variados lirios.
Meus dias vão passando como as agoas Que o vento leva em ondas, ao mar-alto, E se de noite eu oiço aquellas mágoas Já não descanço mais, em sobresalto. Placidamente, bate-me no peito Meu coração em luctas tão desfeito, Que com a Vida, a Dôr hei confundido. E se se ganha a Paz com o soffrimento, Deixae-me entrar emfim n'esse Convento... Pois ha quem tenha, assim como eu, soffrido!
Haveis de ceiar, haveis de ceiar, meus pobres pequeninos, e haveis de dormir depois o somno de innocentes, que a fome repelle ha tanto tempo de cima das vossas gentis cabecinhas! Deixae-me, deixae-me ir tratar de vossa irmã, da minha querida filha, que tanto soffre por nossa causa.
Portanto é rir, é rir, hirsutos, grandes, lestos, Nas comicas funcções, Até fazer morrer, em desmanchados gestos, De riso as multidões! E eu que amo as expansões dos grandes risos francos E os gestos d'entremez, Deixae-me dizer isto ó nobres saltimbancos, Eu gosto de vossês!
«Nos ultimos mezes da nossa communidade... deixae-me dizer-vos uma prophecia amarga: nos ultimos mezes das ordens religiosas em Portugal, apresentaram-se aquelles padres ao prelado, e pediram a sua liberdade.
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