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Quando, n'este triste subterraneo, o prisioneiro deixava de pensar na sua mamã, não encontrava no seu espirito senão motivos de receio. O resto das trevas impedia-lhe de seguir os movimentos da ratazana. E depois, perguntava a si proprio com medo onde estaria o trabalhador mysterioso? Teria adormecido ali perto, ou, teria partido?
Mas hasde tu saber, amigo do coração, que eu, quando tenho medo, mato mais depressa. Um gato brinca com a ratazana que a final estripa; mas, se é cão o inimigo, o gato crava-lhe as unhas logo nos gorgomilos, e não brinca. Deu-se com o perro do clerigo o mesmo cazo. Perguntou-me quem era, de pistola abocada. Respondi-lhe com as punhaladas, que o escrivão do corregedor ámanhã dirá quantas foram.
Respondeo-lhe a Ratazana: Por hoje licença dá; Que por estes oito dias Prometto de não vir cá: Eu sei mui bem que teu dono Hum grande queijo comprou; Espreitei onde o metteo, E á manhã com elle dou: Hei de fartar-me á vontade, Roendo-lho muito bem: Sei que a vizinha debaixo Bolos n'huma cópa tem: O criado, que te trata, Tem lá n'huma parteleira Hum grande monte de cebo Junto dentro de huma ceira: Lá pelas aguas furtadas Já atinei co' huns buracos Para saltar n'hum pombal, E chupar pombos dos cacos.
O dono, que de outros ratos Se via mais perseguido, Pôz-lhe armada ratoeira Com petisco appetecido. Foi então que a Ratazana, Não se podendo conter, Cheirou-lhe a isca por fóra, Quiz entrar dentro, e comer. Deo voltas, metteo focinho; Mas á dentada primeira Ficou a pobre engasgada Nos ferros da ratoeira.
Ahi vae o esforçado Calisto Eloy de Silos em demanda de D. Bruno de Mascarenhas. Um escudeiro annuncia ao fidalgo um ratazana. Quem é um ratazana? pergunta D. Bruno.
Estava hum Burro comendo Á noite a sua ração, E huma velha Ratazana Quiz ter com elle quinhão. Disse-lhe o Burro: Malvada, Vai a outro sitio comer: Não basta a ração ser pouca? Mais pequena a vens fazer?
E a velha? oh! a velha, ainda lhe fazia mais medo; a impressão que ella produzia no seu cerebro fatigado, e sobre os seus nervos doentes, era pouco mais ou menos a mesma impressão produzida pela feia ratazana que se agitava na escuridão. E Gella? ah! Gella! teria talvez sido boa! Porque não tinha elle respondido quando ella lhe disse tão devagarinho: Pequeno, estas tu ahi?
No chão grandes poças de sangue se alastravam; e mesmo ao meio da casa, jazia morta, esphacelada, uma enorme ratazana, maior do que uma vacca!... Mas quem matára o monstro, se ninguem parecia ter entrado? Reparou por acaso no biombo, onde horas antes pintára tantos gatos; lá os viu, mas com os focinhos lambusados de sangue e as patinhas igualmente; eram elles que tinham dado cabo do demonio...
Trata com amoravel equidade o snr. G. Junqiero. Acha-lhe bellas cousas no seu don Jooâ, e que realça no estylo menineiro, enfantin. O snr. Junqueiro, se bacorejasse este obsequio, não mettia na sua Viagem á roda da Parvonia uma Princeza Ratazana, «em toilette myrabolante, cheia de pedrarias e plumas». A princeza Ratazana da farça dá um jantar a lyricos e satanicos, e canta:
Offereceu cortezmente o braço. Adalberto tinha fome Deixámos o filho do senhor de Valneige victima de uma grande agitação no seu tenebroso isolamento. Esta solidão durou muitas horas. Tão depressa julgava que a ratazana estava perto d'elle, como lhe parecia sentil-a subir pelo corpo acima. A sua imaginação criava mil soffrimentos que não existiam.
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