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Ó tu, serra d'Estrella, que tal viste, Como te não abriste; e no teu centro Me não cerraste dentro, estando vivo, Porque mal tão esquivo não sentíra? Oh cega, oh cruel ira! oh pae fingido! Para me ver perdido me criaste? Porque me não deixaste no deserto? Não vês que o ceo estranha isso que tratas? Não vês que a ti te matas cobiçoso?
Abriste os olhos, conheceste-lhe o andar e deixaste cahir as palpebras. Ella vem, pé-ante-pé, debruçar-se do espaldar, bater-te uma palmada no hombro, e dizer-te maviosamente: Já são horas de me vestir, filho? Estremeces, como se te rebentasse aos pés uma bomba Orsini. Vestir? São nove horas. Eu mandei vir a carruagem ás onze.
Amor, que por amor te dispuzeste A restaurar o mundo errado e triste; Amor, que por amor do ceo desceste; Amor, que por amor á Cruz subiste; Amor, que por amor a vida déste; Amor, que por amor a glória abriste, Quando verei, Amor, o que desejo, Para que veja, Amor, o que não vejo?
Abriste o seio ao dia e fecundou-o Aquella luz que o mundo fez de nada, E deu ao campo a flôr, á flôr semente Com que a mãi os filhinhos seus sustente. Bemdita sejas tu.
El paso me cerraste, el pecho abriste, O mi ventura, de mi bien avara! Á Dios, montañas de hermosura rara; Á Dios, mi corazon, que no partiste. Si adonde quedas en dichosa suerte No bebieres las aguas del olvido, En tanto bien no quieras olvidarme. Cantando mi dolor llora mi muerte; Porque hasta el hueco monte sin sentido Suelta su ronca voz por consolarme.
E pelas noutes regeladas, cruas, chorei com fome, errando, pelas ruas! «Porém que porta negra agora abriste? Que aspecto é este morto e desolado? Acaso o inferno depois d'isto existe? Acaso é pesadello desmanchado?» Cala-te! disse a Sombra magra e triste, Cala-te, ó Genio immenso, desgraçado! E com sorriso d'expressão fatal a Sombra concluiu
Seus olhos innocentes... Conta-me os grãos segredos... Profundos das sementes!... O morto que se enterra Leva as paixões secretas?... Dize, se sob a terra, Se amam as violetas! Ouviste aves chorosas, E o mar nos seus delirios? Quem é que pinta as rosas? Quem é que veste os lyrios? Já viste alguma estrella? Viste uma lua nova! Abriste n'uma cella? Floriste n'uma cova?
Mal vi o teu rosto, O sangue gelou-se, A lingoa prendeo-se, Tremi, e mudou-se Das faces a côr. Marilia, escuta Hum triste Pastor. A vista furtiva, O risco imperfeito, Fizerão a chaga, Que abriste no peito Mais funda, e maior. Marilia, escuta Hum triste Pastor. Dispuz-me a servir-te; Levava o teu gado Á fonte mais clara, Á vargem, e prado De relva melhor. Marilia, escuta Hum triste Pastor.
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