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Atualizado: 7 de julho de 2025
A qual com esses que com ella eram presentes, teve sobr'isso conselho, onde foi acordado que o conde d'Arrayollos, que estava em uma quinta junto com Loures, por ter cargo da justiça do reino e ser pessoa de valor e autoridade, fosse poer assessego nas cousas da cidade, para o qual foi logo chamado, e fallou com a Rainha o que n'aquelle caso cumpria: e d'ella por ser de boa tenção e sã conciencia, e tambem de si mesmo por ser virtuoso e justo, foi avisado segundo o feito estava, de o tratar e assessegar mui mansa e temperadamente.
El-Rei e o Infante e o senhor D. Pedro seu primo, e o duque e condes e toda a outra gente partiram por terra, e uma hora ante manhã chegaram acerca de Tangere, e os que foram nos navios á hora do desembarcar acharam o mar tão bravo, que não ousaram por aquella vez sahir em terra, e ao recolher dos navios havendo os mouros da cidade vista d'elles pelo aviso que já sobre si tinham, fizeram almenaras na cidade, e mandaram poer fogo ás bombardas que pelo muro tinham.
A primeira foi do doutor Alvaro Affonso, homem assaz prudente e bom jurista, em que depois de muitas palavras sumariamente concludio «que o Infante como cavalleiro, e principalmente como catholico e bom christão que era, não devia por si ir buscar a morte, mas antes espera-la, em que havia muitas esperanças de vida, e quando sem razão lh'a quizessem dar, que com grande fortaleza d'animo devia de defender sua vida e honra, para que allegou muitos direitos e trouxe mui autorizados exemplos, e que elle por mór resguardo de sua lealdade e mais segurança de sua pessoa, se devia fortalezar em Coimbra, e bastecer e prover d'armas e gentes os castellos de Monte Mór o Velho e de Penella, e aguardar El-Rei, ainda que com todo seu poder o quizesse cercar, e que sendo a cidade tão forte, e tendo elle tanta e tão boa gente comsigo, El-Rei por força o não poderia logo tomar, e que para lhe poer cerco prolongado, ou leixar sobre elle fronteiros, não havia disposição nem possibilidade para isso, e que com Monte Mór teria tambem a Foz de Buarcos, que em suas afrontas se sobreviessem, sempre seriam portas abertas para sua salvação, e que por esta maneira não encurtaria como desesperado sua vida, e como prudente alongaria o tempo, que emfim por sua condição tudo com honra remediaria, especialmente que El-Rei assi como crescesse nos dias, assi iria crescendo e esforçando seu juizo, com que entenderia os enganos em que o traziam, a que sua nova idade por então não alcançava, quanto mais que a Rainha sua filha estava em esperança de emprenhar, e com a geração que Deus lhe daria, El-Rei se acharia mais obrigado para o amar e honrar, e ella teria mór atrevimento de em seus feitos o requerer.
Em especial de poer sua honra, seu estado, e sua honestidade em poder do Priol e de seus filhos, que não tinham no reino fama de muito honestos, pedindo-lhe em fim que para escusar semelhantes necessidades e outras maiores, se quizesse tornar, do que ella não curou. De uma embaixada d'El-Rei d'Aragão e de Napoles que veiu ao Infante D. Pedro sobre os feitos da Rainha
Porque em lugar de poer a vontade da Rainha em bom assessego e temperar suas paixões, acendeu-lh'as muito mais com esperanças vãs, que lhe deu de ser por força, e com ajuda de seus irmãos restetuida e vingada. Offerecendo-se para o caso com gentes de cavallo e de pé, como principal capitão do reino, e para logo a vir servir não tomou largo prazo.
E com dito esto volveo o rosto contra Dom Diogo Lopes, e a Dom Nuno de Lara, e dice-lhes: «Bem vistes Senhores a offerta, que por limpeza, e lealdade minha, e de meus irmãos fiz com El-Rei, e assi ouvistes o que tambem dice a Dom Martim Gil, que aqui está, e não querendo por seu corpo tornar a esso, como por sua honra devia, mandou aquelles seus, que daqui partiram, que me vão ter ao caminho pera desacompanhado me matarem, porque vos peço, como a nobres, e honrados Cavalleiros, que por boa mezura me mandeis poer em salvo em Trancozo». E logo Dom Affonso se levantou, e dice: «Martim Gil vós não atentaste no que Dom Fernão Garcia vos dice? o que deveres de fazer, ca me parece que vos toca por maneira de traição, e não lhe quereis poer as mãos, como deveis, e vos elle requer?»
O Infante D. Pedro por recados e cartas da Rainha e do Priol que foram tomados e trazidos a elle dos portos que se guardavam, foi certificado como procuravam metter gentes d'armas de Castella em Portugal, e bastecer as fortalezas que sustinham sua voz com armas e mantimentos de fóra, e assi se fazerem alguns alevantamentos no reino contrairos a seu Regimento, para que soube certo que em uma parte e na outra se faziam trigosos percebimentos, e consirando camanho dano se seguiria a dar-se logar a isso, e não se atalhar, determinou com accôrdo dos Infantes, com quanto era entrada de inverno, de logo se poer cêrco ao Crato e ás outras fortalezas do Priol, e cobra-las por força ou partido, como mais fôsse possivel.
E logo sem delação acordaram e quizeram poer em obra dar nas estancias, e ir descercar o castello de Çamora, mas porque da fortaleza e repairo das ditas estancias foram assim certificados que sem perda de toda sua gente ou a mór parte d'ella se não podiam combater, e em fim que o castello se não descercaria, El-Rei acordou por melhor ir poer cerco á ponte da outra banda do rio, onde sem algum seu risco o podiam ter, com affronta e necessidade d'El-Rei D. Fernando e dos da cidade.
Ouviram todos a El-Rei, mui promptos, e animados, em seus corações, para ouzarem, e cometerem todo o que lhes falou, mas consirando elles antre si, a grande ardideza del-Rei, e o muito perigo a que se queria poer, apartaram-se com elle, e disseram. «Senhor vossa pessoa, não irá com nosco, que se formos vencidos, nossos imigos não haverão tanto louvor, nem que morramos delles, ou todos, não é muito de curar, salva vossa pessoa, e tirada de semelhante risco, cuja perda que Deos defenda seria perder-se Portugal, e leixando-vos nòs entrar em tamanho perigo, seria nossa linhagem sempre desdita, e prasmada, como filhos de tredores, que tendo tal Rei consentiram perde-lo». El-Rei respeitando o que lhe assi diziam, a muito amor respondeo-lhes com outro tanto, estas palavras: «Oh amigos, rogo a Deos se este anno, eu hei de viver sem vós tais Cavalleiros tomardes esta Villa de Santarem, a elle praza que antes eu desta vez em ella morra».
A Rainha aprovou este conselho, e para o cumprir mandou por o ministro da Ordem de S. Francisco, e por Ruy Galvão, secretario, tratar amizade com o Infante, mostrando fingidamente que seu desejo era já poer em assessego sua alma, e esquecer-se de todo o passado.
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