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«E pensar que tudo isto é sol de pouca dura! accrescentava elle olhando para as estufas do jardim. Não terei valor para cair com a minha ruina? Hei de ver de firme e olhar sereno, sair d'esta casa para o poder dos agiotas, até á ultima, todas estas reliquias? Deus não póde permittir que um homem que tem vivido e gozado como eu, se encontre um dia a braços com a miseria!

A meu vêr, o que impediu sempre que Arabi fosse um reformador era o ser elle um coronel fellah, filho de fellah, nascido n'uma d'essas tristes aldéas, montões de choças feitas de lama secca, que negrejam ao comprido do Nilo. Tendo vivido na abjecta miseria dos fellahs a peior que existe sobre a terra elle, mais que ninguem, tinha direito a erguer-se em nome dos longos aggravos do fellah.

O riso é odio, o riso ignaro é odio da materia contra o espirito. Tem este nome o escarneo. Ajuntam-se os ladrões e as mulheres para gargalharem d'aquelle sêr encolhido e tôrto. Tem passado fome, tem vivido com pão e scisma, preso a nuvens e de subito de cara com o escarneo. Ha quem se ria da dor, dos gritos, da tragedia. O mal faz rir? Faz. A dor faz rir? Faz. E a desgraça? Tambem.

Volta depois a incerteza, Quando assume o teu semblante, Aquella glacial frieza, Que desalenta, que opprime, Que faz profunda tristeza, E destroe quanto é sublime! Um dia no firmamento O sol vívido brilhava, E a aragem com brando alento Entre as ramas suspirava! Era ali, naquelle val, Que parece destinado, Para esconder na espessura Os segredos da ventura!

Passam ali a sua vida, no pateo, e quando olham uns para os outros não sei se se vêem. Toda a gente faz alguma coisa, elles não fazem nada; toda a gente pensa alguma coisa, elles não pensam em coisa alguma; até os animaes teem memoria, e lembram-se de quem lhes faz mal, de quem lhes faz festas, conhecem as pessoas com quem teem vivido: elles não se lembram nem conhecem ninguem.

Morte que, sem piedade, uma a uma arrebata, Como um tufão que passa, as nossas affeições. E, deixando-nos sós, lentamente nos mata, Abrindo-lhes a cova em nossos corações. Parenthesis de sombra entre o poente e a alvorada, Morrer, é ter vivido, é renascer... O horror Da Morte, o horror que gera a consciencia do Nada, Quem vive é que lhe sente o afflictivo travor.

O crime está n'isso, e Deus m'o perdoará... Eu, depois que morreu o velho Regnau, o meu segundo pae, tenho vivido tão sósinha, tão sósinha!... O exercito é muito grande e por isso mesmo não faz companhia. Não lhe perderei o rasto, senhor, esteja certo. As vivandeiras estão costumadas á guerra de emboscada. Surprehendel-o-hei quando menos o esperar.

Parece que a fidalguia de Lamego, em todo o tempo orgulhosa d'uma antiguidade, que principia na acclamação de Almacave, desdenhou a philaucia da dama do paço, e esmerilhou certas vergonteas pôdres do tronco dos Botelhos Correias de Mesquita, desprimorando-lhe as sãs com o facto de elle ter vivido dois annos em Coimbra tocando flauta.

Não se tinham realmente comprehendido. O bom Ferrão, tendo vivido tantos annos n'aquella parochia de quinhentas almas, as quaes cahiam todas, de mães a filhas, no mesmo molde de devoção simples a Nosso Senhor, Nossa Senhora e S. Vicente, patrono da freguezia, tendo pouca experiencia de confissão, encontrava-se subitamente diante d'uma alma complicada de devota de cidade, d'um beaterio caturra e atormentado; e ao ouvir aquella extraordinaria lista de peccados mortaes, murmurava espantado:

Por quem é, padrinho, meu pae não póde querer.... Não te pertence julgar d'estes negocios, Bertha. Faze o que te digo. Deixar a Casa Mourisca! a casa em que tem vivido sempre, onde nasceu e morreu Beatriz! E porque?... Que somos nós para si então, padrinho? O fidalgo tornou-se de novo sombrio ao responder: Bertha, quando a minha consciencia me impõe um acto na vida, é inutil tentar demover-me.

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