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Exultára na recepção do Porto, a cidade em delirio, damas de azul e branco, lançando mais flores a esses queridos soldados, por entre a tempestade dos vivas aos libertadores. Mas em breve tornaram-se em lagrimas os risos, em crepes os laços bicolores, em chuva de granadas as de rosas, e em bravas vivandeiras as donzellas, que os realistas offereciam em pasto á soldadesca, como premio do assalto.

Ficaram-se entre a egreja e o palacio as companheiras do batalhão, fieis como cães, inconscientes no perigo como os soldados, firmes como se as sujeitasse a mesma disciplina; lavadeiras das esquadras, mulheres ou amantes de soldados, seguindo como vivandeiras a tropa; lisboetas baixinhas, pescoço curto, sombras de buço, de uma viva petulancia no lenço engomado, em pontas, que usavam na cabeça, com o capote, com grave offensa dos capellos ilheus; airosas varinas, leves, saia curta, descalço, collete affirmando-lhe o busto e erguendo-lhe o seio, chapeu de velludo, coração de ouro e grandes argolas.

D'esta vez hei-de represar a piedade com que n'outros livros tenho desdourado, no conceito de muita gente, os meus altos espiritos de operario que trabalha á candeia do seculo XIX. Que me importa a mim que nos cubiculos do mosteiro de S. Gonçalo se alojem as vivandeiras do destacamento, e que na claustra sobre as cinzas dos frades vão ellas, repletas de vinho e despejo, dançar a sirandinha e a canna verde?

São menos felizes as vivandeiras francezas, contestou ella com sincera simplicidade. Por quê? Porque choram ás vezes. Ainda a não vi chorar! E, como se instantaneamente deixasse resfolegar o rancor latente no coração, acrescentou: A polvora queima os olhos e o coração, e Rosina é quasi um soldado... francez. Olhe que se contradiz! observou ella maviosamente.

O leitor de certo se convertia ouvindo o egresso; mas Jorge Coelho ia tão dentro em si, tão lacerado pelo abutre da paixão sem esperança, que as palavras do douto velho lhe eram como esponja de fel e vinagre espremida nas chagas. Pernoitaram na Amarante, onde chegaram ao fim da tarde do segundo dia de jornada. Em quanto o egresso entrou no velho templo a fazer oração a S. Gonçalo e visitar os cubiculos onde viveram santos varões da sua creação, Jorge foi sentar-se á beira do Tamega, e ahi rompeu em pranto desfeito, com os olhos postos nas ondulações das serranias para além das quaes lhe ficava o Porto. O padre sahiu indignado do mosteiro praguejando, menos evangelicamente que de seu costume, contra o governo que permittia á municipalidade amarantina que as vivandeiras do destacamento aquartellado nos dormitorios do mosteiro dançassem ebrias e meio nuas a canna verde e a sirandinha no refeitorio e na claustra.

O crime está n'isso, e Deus m'o perdoará... Eu, depois que morreu o velho Regnau, o meu segundo pae, tenho vivido tão sósinha, tão sósinha!... O exercito é muito grande e por isso mesmo não faz companhia. Não lhe perderei o rasto, senhor, esteja certo. As vivandeiras estão costumadas á guerra de emboscada. Surprehendel-o-hei quando menos o esperar.

E sujeitos de chapeu de côco, creanças de bisnaga em punho, pastorinhas vestidas de gaze côr de rosa, vivandeiras de cantil a tiracollo, caíam sobre elle com o peso d'uma troça implacavel. Olha o Felix Telles de Estarreja!

Rosina tem sido para o soldado portuguez carinhosa enfermeira. Chasqueam-n'a as outras mulheres, encarregadas do serviço do hospital, de extremamente compassiva para o prisioneiro, e zombeteiramente aventam que, a julgar pelos prolegomenos, lhes não parece impossivel que o exercito portuguez inteiramente se deixe desarmar pelas vivandeiras francezas.

E desde que entrámos em Portugal quantos não teem ficado para nunca mais voltar a França! Vingámol-os; estão vingados! Vive l'empereur! Vive le marechal! Vive la France! E voltando-se para outra das vivandeiras, que estava proxima, jogou-lhe esta phrase intimativa: Esta é minha; canta tu. E logo, por entre a vozeria, se ouviu cantar; Viva a França! viva a França! Que triumpha na matança! Rataplan!

Um dos soldados; de olhar scintillante e fartos bigodes retorcidos, chasqueava na sua lingua natal com uma das vivandeiras que se lhe queria escapar dos braços: Oh! Por Deus, que era bem mais bonita do que tu! Quem? perguntou d'esguelha a vivandeira. A portugueza que me resistiu. E que tu mataste? E que eu matei para que não deixasse de resistir a outro. A pobre rapariga!