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Podesse eu ser a lua, a lua terna, E faria que a noite fosse eterna. E os abutres e os corvos fazem giros De roda das ameias e dos pégos, E nas salas resoam uns suspiros Dolentes como as supplicas dos cegos. Fosse eu aquellas aves de pilhagem E cercara-lhe a fronte, em homenagem.

«As revoluções são factos inherentes ao organismo social; não é um grupo de homens que as fazem, como ou quando querem; mas compete a esse grupo dar-lhes pensamento e direcção quando sobrevenhamResumindo: o directorio entendia de boa politica não se responsabilisar pela tentativa mallograda e condemnava-a pelo que ella se lhe affigurava de desordenada e inopportuna.

Ás mãos cheias estão por ahi derramadas as maldições, os anjos de azas brancas, os rochedos em braza, os infernos, os demonios, e toda a mais ferramenta dramatica, usada hoje no theatro, e que não sabemos d'onde veio, porque sendo evidente que os nossos escriptores principiantes buscam imitar os grandes dramaturgos franceses, é certo que raramente acharão essa linguagem ôca e falsa, que póde servir para disfarçar a falta de affectos e pensamentos: Victor Hugo e Dumas não precisam nem usam de taes meios, e para citarmos de casa, que temos o exemplo, que esses noveis vejam se nos dramas do nosso primeiro escriptor dramatico, se no Aucto de Gil Vicente ou no Alfageme ha essa linguagem de cortiça e ouropel, ha essas expressões turgidas e descommunaes que fazem arripiar o senso commum, e que offendem a verdade e a natureza.

Depois disto se deve expor ao Sol para fazer seccar as folhas, e as flores: quando saõ seccas se fazem cahir, batendo cada feixinho contra o tronco de huma arvore, ou contra huma parede, e se ajuntaõ varios destes feixesinhos, para formar delles outros maiores, e transportallos para o lugar, aonde se devem deitar de molho. Como se deve curtir, ou deitar de molho o Canamo.

Em todos os tempos se disse: os bons vão-se embora cedo! Não, não são os bons que se vão embora, são os fracos, e não fazem mais que o seu dever. Quando a gente lhes presta n'este sentido um pequeno auxilio, imita apenas o exemplo do creador! Leia o seu Darwin; leia o seu Darwin, meu tio

Seguem-se vinte e quatro Adorações para reparar as injurias, que se fazem ao Senhor nas vinte e quatro horas do dia. Estas Adorações se devem fazer mais com o espirito, do que com as vozes.

Então que quer? Arreda! bradou o João Moedor, coçando a cabeça e fazendo ao mesmo tempo um gesto de susto, sempre v. ex.^a diz coisas que fazem arripiar os cabellos á gente. Gostar v. s.^a de vêr dançar as aventesmas as suas danças malditas, como o meu compadre viu com os seus proprios olhos na noite de S. Bartholomeu, em que anda o diabo solto, como vocemecê ha de saber. Safa!

Quando D. Rita acudiu, elle estava enfiando os calções ás avessas. Que estrondo é este? quem é que grita? exclamou Domingos Botelho. Quem grita mais é o senhor respondeu D. Rita. Sou eu!? Mas quem é que chora? São suas filhas. E porquê? Diga n'uma palavra. Pois sim, direi: o Simão matou um homem. Em Coimbra?... E fazem tanta bulha por isso! Não foi em Coimbra, foi em Vizeu tornou D. Rita.

Iphigenia lisongeou-se d'aquella explosão de lavas que archejavam na testa do homem. Lisongeou-se!... Pois amava-o ella?! Não sei com que direito me fazem esta pergunta assim com uns visos de espanto! Amava-o como quem não tinha amado nunca.

Fazem-se pontes para os rios; não se fazem que prestem para communicar dois estados tão diversos. Amor verdadeiro pode ser platonico algum tempo; mas é poesia; e poesia não é vida. Ousou, e declarou-se a medo á sua formosa; não foi repellido. Affoitou-se a mais: ao impossivel. Abriu-se com o tio Vigario em confissão.