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Diz-me lá em que... Vives comigo: tomas uma pequena parte nas minhas occupações, e recebes uma parte grande dos meus interesses. Não te sirvo de nada, Proença. O que fazes é dar-me uma esmola. Emprestas-me algum dinheiro? Que farás com esse dinheiro? Vou para Portugal. Tenho um palpite de que vou ser feliz... Feliz! Quem fará a tua felicidade em Portugal? Uma mulher. Como Marianna?
Até que o Tomás teve de intervir, era preciso despegar dali por uma vez. Com'assim, Sr. José, isto tem de ser... E segurando o pequeno com força puxou-o para ele. Quando já o tinha nos braços, ouviu-se o José Cosme que suplicava de mãos postas: Só um instante, só um quase-nadinha, Tomás! E o pobre pai caía de joelhos na areia, numa atitude de súplica.
Mas repentinamente, com voz resoluta e firme, o José Cosme gritou na direcção do barco: Tomás! ó Tomás! por alma de teu pai faz lá alto um instante.
Mas não foi preciso; que o José Tomás, sempre de joelhos sobre a neve, foi para ela de mãos postas humilde como um rafeiro... E como aos lábios do pai a rapariga achegasse o pequenino, no silêncio que se fez ouvia-se o rir convulso do louco, beijando de joelhos o filho.
Não é por vossemecê, mulher, assim me Deus salve como não é por vossemecê. Mas é que o inocentinho que aí traz esse é que não tem culpa. Faço de conta que é o pai que me pede, o pobre José Tomás. Vossemecê bem sabe que eu era amigo do José Tomás. Diabo! a gente já diz era, já fala nele como se o pobre tivesse morrido...
Deixal-o: os olhos fecho á luz e quero... Quero-te, oh sonho, se és doirado e lindo: Mais que a teus fachos, pedagogo austero! Que me condemnas em chorando e rindo. Sempre olhos fundos, sempre esse ar severo... Razão! não te amo; mas a ti, bemvindo, Tu que os conselhos nunca, amor! lhe tomas; Dás luz á lua, dás á rosa aromas.
Adeus, pai! Adeus, filho! Confrangido, o Tomás que se deixara ficar
E ria... ria... enquanto dos olhos amortecidos, cravados no miserável farrapo, as lágrimas corriam, copiosas... Mas daí a pouco, pelas palavras soltas do doido, todos ficaram percebendo. Os farrapos que embrulhavam a criança eram da saia da mãe. A mãe era a mulher do José Tomás, e o pequenino era filho dele... A grande cadela tinha abandonado o pequeno, depois de ter fugido ao homem!
Que a falar os pontos de verdade, Sr.^a Fortunata, vossemecê é que tem a culpa desses trabalhos, disse-lhe logo o Palma. Ela escondeu a cara no avental, fazendo-lhe com a mão que se calasse. Má sorte daquele pobre José Tomás, acabou-se! Quando ele casou com vossemecê antes tivesse quebrado uma perna. Ela chorava cada vez mais, parecendo muito aflita.
Vem a Utopia de Tomás Moore, a cujo povo modêlo não era permitido acostumar-se a matar os animais «pelo uso dos quais julgavam que a clemência, a mais graciosa afeição da nossa natureza decaía e morria». E vem finalmente a ressurreição plena da filosofia humanitária em Miguel de Montaigne.
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