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De envelhecido e gasto, de picaro e gordo, dil-o-heis um trapo que se deita fóra ou um doido de cabellos brancos estacados, a falar sosinho. Toda a gente o conhecia. Ó Gebo! Anh? A mulher, que fôra sempre bôa, azedára com a pobreza.

E quem sabe? continuou este. Talvez que você não festejasse hoje o anniversario do seu casamento, se eu n'esse tempo não andasse meio parvo por causa ali da tia Domingas. Anh? perguntou a tia Domingas, approximando da orelha o concavo da mão. Que andou meio parvo por vocemecê, explicou o Prior a berrar.

Este velho que pára nos patamares das escadas, gordo e molle, de cabellos brancos estacados, é o Gebo. Todo curvo, olha-vos com um olhar aguado e tonto. Ó Gebo! E elle, erguendo o carão afflicto: Anh?... E como este, outros assim. A toda a hora vae o enxurro humano polindo as pedras. A ventania açouta o casarão e passa, levando poeira de scisma, ais, para outro mundo ignoto.

Deus sabe pelo que tenho passado, as desgraças que tenho rapado e as afflicções, para arranjar ao menos o triste pedaço de pão para a bocca... O peor é d'ellas. O meu coração estala, tanto tenho soffrido. Trago a noite dentro. Que se lhe hade fazer? Curtir a desgraça. Anh? Tenho pena de ter sido honrado... E fica com a bocca aberta, chorão, de cabellos brancos estacados.

Cheia de tristeza dizia lhe ainda a mulher: Homem, se te dão um emprego... Anh? Eu vejo! eu vejo!... Não te afflijas, mulher. Um emprego! quem ahi pão ao Gebo, amachucado e ridiculo, envelhecido e tropego, e que mal sabe escrever, de cego e tonto? Aguilhoado, todos os dias se levantava para a humilhação e para a correria atraz d'uns miseros cobres.

O Gabiru, encolhido e triste, põe-se ao seu lado a olhar para a Mouca e vae tecendo o seu sonho. Toda a noite é uma mistura de gritos, de lagrimas e risos. Espancam as mulheres e quando ellas choram, cahidas, tornadas em escarneo, infimas como a terra, todos elles riem, com um anh! de satisfação por as fazerem soffrer.

Tu que andas aqui a fazer, ó Gabiru? Elle espantado accorda: Anh? Olha-os tonto, magro, esfaimado. Atravez da nevoa do sonho a realidade, e entre o circulo dos ladrões e das mulheres acha-se transido, timido e torto. Em redor os outros sentem que vão fazer mal. Vão-se rir do que é pobre e desageitado; vão-se rir do que não comprehendem do sonho. Acho que é poeta!... E os ladroes ululam.

Mas um d'elles d'essa noite repara no Gabiru, perdido a um canto sem vêr nem ouvir, ridiculo, esguio, alheado. Aponta-o e logo a turba emmudece, tragica. O Morto, pondo-lhe a larga mão no peito: Ó tu! Anh? Tu que andas aqui a fazer, ó Gabiru? Logo o Velho escancara as fauces e todos os outros de repellão se erguem. Esperem... Tu não ouves? Anh? diz elle, acordando estonteado. Anh?

Ó Gebo! ó Gebo! gritavam-lhe. E elle meio tonto: Anh? anh?.... Se eu não tivesse sido honrado... Ella era uma creaturinha triste, resignada e pallida. Falava pouco. Scismava. Da vida tudo ignorava, a não ser a historia dos seus: o lar apagado, a afflicção da mãe, o choro do pae ao voltar para casa sem pão. A velha dizia ás vezes más palavras ao Gebo, quando lhe perguntava anciosa: Arranjaste?

Digo por meu mal, porque se fosse pobre como eu, seria minha mulher. Tão enamorado estás? Para que negál-o? Não tenho segredos para vocês, que são os meus unicos amigos: amo-a com toda a minha alma. De fórma que, quando terminar a exposição, regressas a Roma. Não, porque ella vive em Madrid. Anh! Isso é diverso; do mal o menos.

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