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Da qual couza prouve a El-Rei Dom Fernando, e pondo-a em obra ordenou logo pera vir a Portugal o Ifante Dom Affonso de Molina, seu irmão, filhos ambos del-Rei Dom Affonso de Lião, e da Rainha Dona Biringela, e com elle Dom Diogo Lopes de Haro, Senhor de Biscaya, e Dom Nuno Gonçalves de Lara, e Dom Ruy Gomes de Galiza, e Dom Ramilo Frole, e Dom Rodrigo Froyas, bom Cavalleiro, e Dom Fernando Anes de Lima, e outros grandes senhores, e com elles muitas gentes de , e de cavallo, com que entráram em Portugal pela Comarca de Riba de Coa, que a este tempo ainda era de Castella, e por elles fazerem sua entrada pela terra da Beira, que toda estava á obediencia del-Rei Dom Sancho, não houveram no caminho contradição, nem resistencia alguma, e assi chegaram ao lugar de Abiul, que é a quatro legoas de Leiria.

E com esta reposta de Maguazella, em ha falcidade foi ho Ifante beem compreendido, e ElRei foi muito maravilhado, e recebeo grande nojo, que lhe pareceram começos, e fundamentos que ho Ifante lançava, e fazia pera descobertamente lhe desobedecer, e ho desservir, e pera alguma temperança, e resguardo desto ElRei fez ajuntar em sua Camara ha D. Johaõ Mendes de Briteiros, e Martim Affonso de Souza, e Gonçalo Anes de Berredo, seus sobrinhos, e D. Pedro Estaço Mestre de San-Tiago, e D. Gil Martins Mestre de Christo, e D. Vasquo Mestre Daviz, e Vasquo Pereira, e Vasquo Martins de Rezende, e outras pessoas nobres de sua Corte, e em Concelho, e perante elles todos fez leer ha carta, e titolo que hos de Maguazella lhe enviaram, e acabada de leer, ElRei perante todos logo dice.

Das quaaes couzas sendo ElRei D. Diniz certificado, recebeo por ello grande pezar, e muito sentimento, e enviou logo Lourence Anes Redondo, e Pero Esteves seus vassallos aho Ifante, ha que diceram todo o passado, que os seus diziam, e ho nojo em que por esse ElRei estava, por difamarem seem cauza de sua boondade, e conciencia, e da lealdade, e boom nome das Cidades, e naturaaes de seus Regnos, e ho que desto mais sentia assi era que ho Ifante sabeendo que estas falcidades assi se diziam, nom has extranhar, e castigar com grandes penas, e muita aspereza, como taal cazo requeria, por onde parecia, que ellas naciam de toda sua vontade, e consentimento, mas que pera todos sabeerem craramente desso ha verdade, e que nunqua taal malicia, e treiçaõ por elle, nem pelos seus fora, nem soomente cuidada, que elle daria por esso taaes penas por dezafio, e reto posessem hos corpos, e has vidas, aaquelles que esto diziam, e asacavam, e que por suas bocas lhe fariam confessar que eram mui falsos, e tredores, e que pera mais abastança, e moor comprimento elle escrevera logo aho Papa em quem nom avia paixam dodio, temor, nem afeiçaõ, pera que por suas Bullas, e letras patentes, e com outorgua, e aprovaçam dos Cardeaes, enviassem desto testimunho, e dizer ha verdade.

Partiu-se logo o conde para Lisboa com a trigança que se requeria, onde chegou á tarde, e para haver melhor informação das cousas, e ter conselho sobre o remedio d'ellas, quizera repousar algum pequeno espaço de tempo sem n'ellas intender; mas ao outro dia por sua ida foi tanto o alvoroço e desacordo na cidade, e com tanta soltura de palavras deshonestas e mostranças de desobediencia, que o conde não sabia que caminho de remedio tomasse; porque os da parte da Rainha favoreceram-se com sua ida, affirmando em seu favor que era para fazer justiça dos alevantadores da união sobre o caso dos varejos, e que contrariavam o Regimento da rainha: e os da parte do Infante D. Pedro e Infante D. João com muitos da cidade, que eram d'outro acordo, tomaram receio de ser por ventura verdade; especialmente porque um Luiz Gonçalves, official na relação, criado de Pedro Anes Lobato, e que ás cousas da Rainha havia grande affeição, affirmou de praça que por a ida do conde á cidade cedo veriam por justiça as gigas da ribeira cheias de pés e mãos de muitos, como de pescado, o que logo se soltou publicamente: e por ser homem d'algum credito e ter officio na casa da justiça, fizeram para isso suas palavras alguma impressão e crença; e pareceu que as não diria sem ter alguma cousa d'isso sentido.

Foi assim que ha alguns annos um geometra allemão propoz que se mandasse aos aridos steppes da Siberia uma commissão de homens de sciencia, para que n'aquellas vastas planicies fizessem desenhar por meio de reflectores luminosos, immensas figuras geometricas, entre outras a do quadrado da hypothenusa, vulgarmente chamada pelos francezes «le Pont aux ânes».

E pois aquella era a verdade, que pospostos os espantos, ameaças e receios que se logo apontaram, promettia de lh'a ajudar a manter e cumprir: pelo qual a cidade assi favorecida em seu proposito fez no outro dia ajuntar no refeitorio de S. Domingos todo o povo, aquelle que pôde caber, onde em pulpito Pedro Anes Sarrabodes notificou em alta voz o accordo passado e a maneira que se n'isso tivera, requerendo a todos que dissessem o que d'elle lhes parecia.

Era a este tempo na cidade Pedro Anes Lobato, homem de grande auctoridade e bom cavalleiro, ao qual, como quer que de grande condição de sangue não fosse, El-Rei D. João por conhecer d'elle ser bom e discreto, e em armas homem esforçado, deu a governança da justiça da casa do civel, e a tinha; e por vêr a união e desacordo na cidade tamanho, a que com sua vara e forças não podia resistir, avisou de todo a Rainha, e por muitas causas lhe enviou pedir trigoso remedio.

E tanto que ElRei chegou ha Santarem, logo mandou ha Lourence Anes Redondo, que jaa estava no alcacer de Leiria, que logo dece passe, e matasse todos aquelles que deraõ entrada da Villa aho Ifante, em comprimento do quaal, decepou, e queimou nove homens dos melhores, e mais principaaes da Villa.

Da quaal se apoderou, e tomou ho Castello ho derradeiro dia de Dezembro de mil trezentos e vinte hum annos, e logo da i tomou ho Castello de Monte moor ho Velho, donde mandou dizer aho Conde D. Pedro seu irmaão, que andava em Castella desterrado, que se viesse aa Cidade do Porto, porque elle hia pera laa, e no caminho tomou ho Ifante ho Castello da Feira, que hee em teerra de Sancta Maria, de que era Alcaide por ElRei Gonçalo Rodrigues de Macedo e da i foi tomar ho Castello de Guaia, do quaal e assi do outro de Monte moor que jaa fora tomado, era Alcaide por ElRei Gonçalo Pires Ribeiro, e da i se foi aho Porto, e ho tomou, e ali chegou o Conde D. Pedro, que sempre andou em sua companhia, e da i se foi aa Villa de Guimaraens esforçado de hum Martim Anes de Briteiros, que fez crer aho Ifante que por inteligencias, que tinha dentro na Villa, lhe faria entregar, mas ho Ifante chegou ha ella, achou defensor dentro Mem Rodrigues de Vasconcelos, que era nobre homem, e boom Cavalleiro, e com elle boons Escudeiros, e outra gente da Villa, e com quanto foi pelo Ifante grandemente requerido com dadivas, e mercees, e ameaçado com morte, e outras penas pera que lhe entregassem ha Villa, e ho Castello, elle ho nom quiz fazer, dizendo que em quanto ElRei seu padre fosse vivo, ha quem tinha feito menagem, nom entregaria ha Villa, nem o Castello, se nom ha elle, e que atee sobresso morrer ho defenderia.

E pera mais firmeza, e moor segurança rogou, e encomendou aho Conde D. Pedro seu irmaão, e ha Martim Anes de Souza, e ha Gonçale Anes de Briteiros, e Affonso Telles, e ha Gonçale Anes de Berredo, e ha Lopo Fernandes Pacheco, e ha Paio de Meira, todos riquos homens de Portugal, e ha outros nobres seus vassallos, que fizessem, como fizeram outro taal juramento, e menagem, como elle tinha feito, e ho Ifante tambem pedio aa Rainha por mercee, que pera maior, e mais seguro penhor desta concordia, e porque ElRei da i em diante mais descançasse sobre ello, que tambem ella quizesse fazer por elle este juramento, e menagem ha ElRei, e ella tambem assi ho fez, com cada hum dos outros.

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