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Atualizado: 31 de maio de 2025
Em quanto o preso seguia só para o Limoeiro, o corregedor mandava lavrar auto, e entregar o cadaver á viuva, ou ao coveiro da mais proxima egreja. Quando Venceslau chegou ao pateo da cadeia, já lá estava o padre Manoel Ferreira. O réo apertou-lhe a mão silenciosamente, e enviou ao carcereiro a carta. Acudiu logo o funccionario a conduzil-o aos seus aposentos.
Outro dia ia eu passeando ao longo d'aquella extensa avenida do Prado do Repouso, quasi ao anoitecer, á hora em que os visitantes saem e o coveiro entra. Fui andando, andando, com os vagos pensamentos que dá o estar entre tumulos, e mais d'uma vez me pareceu ouvir murmurar as grandes arvores que ladeiam a avenida pendidas aos sarcophagos.
Lá vem enterro... Isto agora... Não tem descanso o coveiro! Vem d'acolá d'onde mora A mulher do Zé Cabreiro. Foi o filho...
Não que eu tema morrer. Quem morre inteiro? Aquillo que me assusta, o que me aterra é sómente a lembrança de que á terra, tal qual se semeasse fava ou trigo, o bruto do coveiro cantarolando, atirará commigo! Eu, que respiro ao sol da liberdade, fechado n'um segredo humido, immenso, frio, escuro, por toda a eternidade! Preso... amarrado ali!
Ora, isto me ia eu recordando, ao seguir, mais o coveiro, pelo cemiterio de Cuba, do mesmo passo que, sem querer, lembrava certas passagens da Obra de Fialho, que, de momento, quasi me falavam, e, eu sentia, como que batidas de vento, ao meu ouvido... Como no caso das grandes paginas de presagio da sua monographia Manuel, começára de anoitecer, e os sinos tocavam!
Boas noites coveiro: a tua enxada Não cessa ha tanto tempo de cavar?! Cavalleiro da morte, ó fronte desolada Não sentes a mão tremula e cançada De tanto trabalhar! Tu esperas hoje as legiões sombrias De mortos, que eu supponho ao longe ver? Os felizes caídos nas orgias E os tristes que além todos os dias O gelo vem colher?!
Eu não lhes reconheço o direito de querer. Ora o padre mestre tem vagares! disse o façanhudo Cosme e tu pachorra para escutal-o, João. Para isso não foi que viemos. Sermões para a quaresma. Vamos! cante lá os seus reponsos e latinorio, e ande-me para a igreja. Vamos nós fazer o enterro. Ó Manoel coveiro, traze a enxada e vem d'ahi.
Cada vez se ouvia mais perto o latim dos padres; o coveiro viera já occupar a posição que lhe competia; estreitou-se o circulo dos curiosos em volta da campa. A cruz parou junto dos degraus do tumulo; os padres abriram alas e as creanças encaminharam-se, por entre elles, para a borda da sepultura. O abbade molhou o hyssope na caldeira, para aspergir a cova.
Esta nova, communicada friamente pelo coveiro, alvoroçou-me, e coou-me nas veias não sei que terror semelhante ao do sacrilego, que não tem ainda bastante barbarisada a alma pelo crime, e vacilla, horrorisado de si proprio, quando atira ao pavimento do altar as hostias contidas no calix, que rouba.
O vácuo! a saciedade! o horror das trevas! Ninguem ao pé da cruz no teu calvario! Por só cortejo ao cemiterio levas um padre mercenario! Nem esse volta lá. Rezou, e a prece, em mau latim, por bons tostões foi paga. O fardo que largou mais não merece. Recebe por adeus grosseira praga d'um coveiro que o some, e breve esquece. Grão d'areia que foste ao mar co'a vaga, quem te busca depois?
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