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Atualizado: 25 de julho de 2025


Passou assim algum tempo, entre as duas immensidões, o mar e o céo, sem sentir saudades da sua terra, porque levava ainda ao seu lado aquelles que lhe davam alegria. Depois, pozeram-o de novo em terra, levaram-o a elle e aos seus companheiros para uma grande casa, onde os brancos começaram a disputar o preço por que haviam de compral-os. O cabinda foi vendido e quizeram leval-o. Leval-o?

Mas ao vel-a assim tão preoccupada, ao parecer-lhe triste, approximou-se carinhoso e disse, com toda a sua affeição a transparecer-lhe na voz: Ainda está triste a minha filha? Magdalena como que accordando d'um sonho respondeu: Não, cabinda. Agora penso na felicidade. E o branco? Tenho-o aqui, respondeu, indicando o coração. Mas a senhora moça é ainda a filha do cabinda!

Os dois caminhavam a par. Era n'essa hora mysteriosa dos esponsaes do dia com a noite. Por sobre as suas cabeças arqueava-se, verdejante, o docel das jaqueiras, d'um lado, e dos ramos frondosos das mangueiras, do outro. As aves se haviam retirado aos gratos asylos. Tu sabes o que são saudades, cabinda? perguntou Magdalena ao negro. Saudades? repetiu elle, scismando na resposta. Sim.

O mulato brigava com o branco no escriptorio, quando o negro chegou, mas o cabinda prendeu-o pelo pescoço e deitou-o ao chão. Ao mulato? perguntou assustada. Sim. Mataste-o? Não, senhora moça, mas o negro estrangula-o se o mulato continua!... Eu quero-te prudente, cabinda! E o negro quer feliz o branco e a sua senhora moça! E elle? interrogou Magdalena com anciedade. O branco? não soffreu nada.

Magdalena, a formosa filha do cabinda, andava de canteiro em canteiro, mostrando a Luiz de Mello as suas flôres; apontando, deslumbrante de candidez, as particularidades de cada uma, a idade e a procedencia, com a convicção de quem conhecia alguma coisa de botanica, e um tanto orgulhosa dos cuidados, que empregava com as predilectas suas irmãs.

Que magestoso quadro aquelle! Magdalena era o anjo meigo e deslumbrante, da mocidade cheia d'explendores, a que sorriem todas as esperanças, e para o qual todos os horisontes são vastos, largos e floridos! O cabinda era o velho escravo, fiel e dedicado, capaz de tudo para salvar a vida dos seus senhores, saltando de contente com dois affagos e humilhando-se submisso á menor reprehensão.

Elle sorriu-lhe n'uma expressão de dedicação. Então, cabinda? interrogou ella subitamente. O branco veio, senhora moça, E aonde está? Na sala grande que deita para o jardim. E vem contente? Ha-de estal-o. O coração do negro não mente nunca. Vieste com elle? Vim, minha filha. E Americo? Tambem vem!

Oh! com delirio até! Pois então não a mais ninguem o seu amor, porque... eu tambem o amo muito! E a formosa filha do cabinda olhou para todos os lados como receiando que alguem a ouvisse. Creança! Que commoções a não abalaram n'aquelle momento! que agitação n'aquelle seio tão estreito, agora, para as ondulações do coração, que tantas flôres estava desabrochando!

E o cabinda deu-lhe as costas, e dirigiu-se ao escriptorio, onde lhe parecêra ouvir a voz de Luiz. Chegou á porta e metteu a cabeça. Licença. Ah! és tu, cabinda? Entra; acudiu Luiz, largando a penna. O negro, meu branco. A que vens? Trazer isto. Manda a senhora moça. E tirando do bolço o bilhete de Magdalena, entregou-o a Luiz, esperando com alegria, sorrindo de contentamento.

A ausencia ia ser por poucos dias e uma voz intima lhe segredava ao coração, que havia de voltar a encontrar Magdalena, firme ainda no seu juramento, constante no seu affecto. Luiz confiava na pureza dos seus sentimentos, e tanto bastava para crêr que um anjo bom havia de proteger a sua causa. Demais, bem sabia elle que o cabinda olharia pela sua filha.

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