United States or Estonia ? Vote for the TOP Country of the Week !


O cabinda seguia-a com os olhos, a faiscarem alegria, gritando como doido: O branco veiu, senhora moça; o branco é bom e gosta da minha filha! Americo, descendo para o jardim, approveitava um momento, em que Luiz podia ouvil-o, para lhe dizer, com certo ar de cynismo; Temos ambos igual quinhão no negocio: agora veremos quem leva a filha! Pouco depois era servido o café.

Como o pae de muita gente, respondeu aquelle. Patife!... O negro é cabinda, e o cabinda é raça fina. O mulato é filho de branco e de negro... Americo sentiu-se altamente atacado, mas enguliu a affronta, que provocára.

Fizeram-lhe, porém, estancar as lagrimas angustiosas as ameaças d'um açoite, e o Cabinda partiu, sem esperanças de tornar a vêr os filhos queridos, que nem sequer beijara na despedida, a esposa, que elle adorava com um culto rude, mas sincero, e os paes, que elle respeitava com a sua veneração selvagem.

Jorge conheceu, então, até onde ia a dedicação do seu escravo, a grandeza da alma do negro, e começou a olhal-o, a tratal-o e a querer-lhe, muito mais como a um membro da sua familia, do que como a um ente, geralmente visto com desdem, com indifferença e até com desprezo. O cabinda perdera a sua familia, de que tão barbaramente o separaram, mas havia ganho muito pela sua dedicação.

O cabinda entrou como perdido, olhou para Jorge com receio, com amor para Magdalena e foi ajoelhar-se, de mãos postas, junto ao leito da enferma, chorando como creança. Anda , cabinda, disse a moribunda, com voz amortecida, ao vêl-o de joelhos, alli, ao d'ella. Anda ; vem vêr como se vai para o céo!... Que fazes, atrevido! exclamou Jorge a meia voz.

Á noite, quando o negro se deita, e faz escuro em volta d'elle, o cabinda a sua senhora, que foi para a terra do Pai dos brancos; a senhora moça muito contente, com a cabeça cheia de rosas lindas, e o senhor a dar muitos beijos n'ella. E o cabinda lembra-se, tambem, dos seus filhos e da sua companheira, e chora de noite lagrimas no escuro. Coitado!

O seu olhar meigo e deslumbrante foi encontrar o negro ajoelhado, com os olhos pregados n'ella. Ah! és tu cabinda? O negro, senhora moça! E que fazias ahi de joelhos? Olhava para a minha filha, que dormia... E que sonhava tambem, cabinda. Tu nunca sonhas, quando dormes? Sonhar? repetiu o cabinda.

E tão embebido andava o negro, que nem viu a sua filha approximar-se d'elle, surgindo d'uma das aleas da chacara, orlada de mangueiras, cajueiros e pitangueiras. Tão entretido, cabinda! disse Magdalena approximando-se. A minha filha! exclamou o negro, depois de se volver admiradissimo, com um sorriso d'intima alegria a pairar-lhe no semblante. Então? volveu ella.

Papae, atalhou Magdalena, affagando as faces de Jorge, humedecidas pelas lagrimas; o cabinda chora, não trates mal o cabinda, que é nosso amigo. Oh! sim, sim! acudiu o preto. O cabinda quer muito á sua filhinha, quer muito á sua senhora e muito ao seu senhor! O negro tem alma e não tem familia a quem a dar.

O cabinda havia-lhe dito que o branco a curaria, e ella pensava n'isso, lembrando-se dos hospedes que ia ter ao jantar, no dia seguinte. Eram as alvoradas do coração; eram os pressentimentos do que ha de vir! E scismando n'isso, ia esquecendo-se de tudo, quando Jorge a accordou: Esqueces o piano, Magdalena? Não, papae; esperava por si. Vamos, então. Vamos.

Palavra Do Dia

compomos

Outros Procurando