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Resar o universo é polarisal-o no infinito amor. Cantar não basta. Resar é mais. Resar é o superlativo divino de cantar. A oração é a canção angelisada, a canção chorada e de mãos postas. O universo absorve a, comprehende-a. Ouve-a Deus, os homens escutam-na, e as ondas, as aguas e os rochedos, vagamente a percebem, como um halito amigo, uma caricia branda e luminosa. Rese todas as dôres, pobresas, miserias, lutos, soffrimentos. Rese o lodo e o sangue, o ninho, o covil, o hospital, o carcere, a enxovia, a terra tragica, ulcerada de mortes, e a noite concava e funebre, ulcerada de soes e de nebulosas. Rese a dôr, mas rese tambem a alegria, que é dôr vencida e desbaratada pelo amor. Rese o triunfo do amor, a alegria ascendente da natureza, a marcha épica da vida pelo caminho eterno, que não tem fim. Rese chorando, mas lagrimas fecundas, que façam parir a terra, palpitar o seio e germinar a semente. Lagrimas d'aurora, orvalho vivo e creador. Resar e chorar, mas heroicamente, na acção e na luta, no mundo e para o mundo. Resar, como Nuno Alvares, entre o fogo ardente da batalha. Enganam-se os que vão para Deus, voltando as costas á natureza. Quem se quizer salvar, ha de salvar os outros. Quem renegar a natureza, renega Deus. A ascese egoista, eis o atheismo verdadeiro. A imobilidade é sacrilega, a escuridão é sacrilega, o silencio é sacrilego. A vida é som, é luz, é movimento. A vida marcha por abismos, tragica e formidavel, mas ruidosa e simfonica, vestida de luz e de mil côres. Amortalhal-a de negro, arrancar-lhe a lingua, para que não cante, e os olhos, para que não deslumbre e não dardeje, é como se lhe cravassemos no coração uma facada sinistra. O quietismo beato, apagando o universo, apaga Deus. Quietismo e nihilismo, dois zeros, dois sinonimos. O frade catolico, na concha da mão, exangue e paralitica, sustenta uma caveira.

Mas, circumstancia verdadeiramente notavel! quando uma rapariga casa sem auctorisação dos pais, a sua união é considerada legitima, pois que tem por base o amor. Assim é que diz uma canção: «Eu queria pedir a tua mão, mas teu pae não me quer para genro, e eu não te posso roubar. Escuta as minhas supplicas, vem para mim, que t'o peço eu.

e na Canção XI: Emfim, não houve trance de fortuna, Nem perigos nem casos duvidosos, Injustiças daquelles, que o confuso Regimento do mundo, antigo abuso, Faz sobre os outros homens poderosos, Que eu não passasse, atado á fiel columna Do soffrimento meu, que a importuna Perseguição de males em pedaços Mil vezes fez á força de seus braços.

Podia ter ido muito longe, variar os typos por meio de leves modificações no encandeamento da rima, e no agrupamento dos septenarios na Canção, mas não ousou arcar com essas responsabilidades.

Hoje disse-me ella não me contentava o oiro, nem as palmas, nem nada! Trocaria tudo, por vêr meu pae e a minha Conchita! E a voz trémula embargou-se-lhe na garganta suffocada pelas lagrimas! Mas que canção é essa que a faz entristecer? perguntei eu.

Ao vê-los, redobraram em intensidade os clamores. Unanimemente, instantaneamente, soltou-se de todos aquelles peitos anhelantes a canção nacional dos Estados Unidos, e o Yankee doodle, repetido em côro por cinco milhões de cantores, ergueu-se como uma tempestade sonora até ao extremo limite da atmosphera.

Mulher! quando nos braços Te escuto uma canção, Não vês em meus abraços Profunda commoção?

Foi tambem pelo seu gosto pela poesia provençalesca que o Conde de Barcellos manteve a sympathia de D. Affonso IV, filho legitimo de D. Diniz, e por isso em uma canção de louvor é chamado o rimante d'el-Rei.

Primeiro esteve no monte Feliz, na Arabia do mesmo nome, como se da Canção X, que o poeta escreveo ja no desterro, e não andando em expedição, como suppõe Manoel Severim, e Manoel de Faria e Sousa, porque se assim fosse não diria elle, nem teria razão para dizer: Aqui me achei gastando uns tristes dias, Tristes, forçados, maos e solitarios, De trabalho, de dor, e de ira cheios.

Mas de cada palavra ou gesto contrafeito Em que ella se disfarça, a alma profunda evoca Os lamentos e os ais suffocados no peito, Todos os gritos vãos que morreram na boca! No escrinio da Canção as lagrimas vertidas, Brilham sob a expressão em que a Dor se transforma, Como gotas de luz, d'olhos tristes caidas, A tremer no cristal transparente da Fórma.