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Interessa-a o espectaculo das paixões humanas e achou um theatro perfeitamente adequado ao genero de observações que mais a divertem. A côrte de Luiz XIV, antes que madame de Maintenon tivesse desdobrado sobre ella o véo de hypocrita devoção em que tão cautelosamente se embrulhára, é tudo que ha de mais proprio a interessar, a apaixonar um observador, um moralista como Madame de Sévigné.

A mulher intellectual haviam de encontral-a em Sapho, Heloiza, Catharina, Semiramis, Staël, Sevigné, Coulanges, Lafayette, Bernier, Flaugergues, e tantas outras, que têm regido o sceptro ou a penna com gloria mais que varonil: os preceitos do bello inspirava-os Aspasia a Socrates e Pericles, Ninon de Lenclos a Condé e La Rochefoucault: sem a mulher os conhecimentos do homem seriam imperfeitos; elle descobriria o que na natureza ha de forte, de grande, de sublime; mas a graça, o mimo, a delicadeza pela mulher podia ser descoberta.

Tem, como a Sevigné, a ternura maternal senão absorvente e exclusiva, pelo menos penetrante de carinho, e cheia de engenhosas e subtis delicadezas. Como a Stael, adora as letras, devora-a a curiosidade de todos os segredos da intelligencia, professa a altivez intransigente e desdenhosa, em face das tyrannias brutaes.

S. Paulo, que procedia litterariamente, por meio de epistolas, como Madame de Sévigné, não consentiria de boa mente que se puzesse ao lado da sua penna platonica a espada cheia de bòccas de um companheiro que procurou como pôde lazer por obras n'esta vida o que elle apenas prometteu em doces palavras para a outra. -Assim o decidiram, pitadeando-se de commum accordo sobre o caso, o reverendo Viegas e o reverendo Garcia Diniz, em conselho de sacristia, sob a presidencia do Todo Pedroso.

O Santo Padre escreveu ao imperador da Alemanha, o imperador da Alemanha escreveu ao Santo Padre, o conde de Chambord escreveu ao deputado Rodez-Benavent, o sr.D. Miguel de Bragança escreveu ao sr. conde da Redinha, e a historia em geral e os redactores da Nação espeialmente, escutaram com ardor o fremito d'essas pennas riscando a face do universo com letras um pouco menos correctas que as de Cicero, de Plinio o moço e de madame de Sevigné.

Madame de Sévigné, uma das mais honestas e amaveis senhoras d'aquelle tempo, tambem devota, lia os Contos de La Fontaine, e ficava-se a rir com elles e mais a filha. O inferno era como se nada fosse n'essas coisas.

Um dia Tonquedec, fidalgo da Bretanha, e o duque de Rohan-Chabot em casa d'ella, e por causa d'ella, armam uma especie de briga que conclue por um encontro no campo, como todas as brigas d'aquelle tempo. Nem por isso a fama de madame Sevigné soffre a mais leve arranhadura. Que culpa tem ella das loucuras e dos extremos que inspira a sua «razoavel» e formosa pessoa!

Póde haver espectaculo mais digno de interesse, contemplação que sem talvez elevar o espirito o divirta e o instrua mais? Não é, porém, o jogo complicado, brutal ou subtil do interesse e das paixões pessoaes, o unico objecto de estudo para o espirito de madame de Sévigné. Ella tem uma vasta leitura, uma aptidão para se interessar pelos estudos mais aridos, quasi maravilhosa.

Homem indigno da nossa estima! exclamava D. José de Noronha Grande cynico! podes tu negar aos teus amigos dous minutos do innocente prazer de ouvirem o estylo d'uma Sevigné provinciana, que, para ser mulher de época, lhe falta affeiçoar-se a um homem que lhe rasgue os horisontes d'um destino esplendido!? Venha a carta! A carta! a carta! exclamaram todos, empunhando os copos.

O que mais celebre torna deante da posteridade Mme. de Sevigné, o seu amor pela filha, é a maior prova de quanto póde a illusão sobre um cerebro, sobre um coração de mulher! Mme. de Grignan, la plus belle fille de France, como lhe chamavam os que queriam por uma tocante attenção lisongear o coração da mãe, não é realmente digna por motivo nenhum da adoração que inspira.

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