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Atualizado: 28 de junho de 2025
Parece que á lingua portugueza foi vedado o dizer ligeiro, amavel, faceto, que tanto distingue a França moderna. Nós somos um povo, naturalmente indolente, um povo de apaixonados, como tão bem nos definiu M.^me de Sevigné. Voltemos, porém, á cosinha.
Basta a curiosidade para encher a existencia, disse algures Fontenelle. Esta maxima de egoista acha-se justificada pensando na vida de madame de Sévigné. Onde ha espirito mais eminentemente curioso no sentido elevado e espiritual da palavra do que o d'esta eminente e deliciosa personalidade femenina? Ella tem a curiosidade intelligente de todos os phenomenos de ordem moral e intellectual.
Repito, pois: o encanto do museu Carnavalet tirei-o eu de mim mesma, evocando n'aquellas frias salas que percorri, acompanhada pelo indispensavel guia, as figuras que outr'ora as encheram de animação e vida. Vi madame de Sevigné e o seu querido tio, o bom abbade de Livry, que tão bem se sahiu da educação da sua querida e intelligente pupilla.
Se Fouquet guardava preciosamente esses bilhetes formalistas é porque talvez no coração do galante financeiro a formosa physionomia de madame de Sevigné tivesse produzido uma impressão excepcional; mas isso não basta para comprometter uma mulher que as primeiras pessoas da côrte, em influencia e em virtude, protegem ardente e abertamente.
Cultivava simultaneamente, segundo a sua propria phrase, as lettras, a pintura e a musica. A sua especialidade em litteratura era o genero epistolar, á semelhança da sr.ª de Sévigné, sua compatriota. Os correspondentes previligiados da baroneza, como no passado os da marqueza, colleccionavam as cartas e os bilhetes, em que havia tres estylos diversos: o serio, o sentimental e o jocoso.
Pedante, interesseira, ambiciosa, gastadora, ingrata sobretudo, ingrata para essa mãe adoravel cujo crime unico foi preferil-a em tudo ao irmão, Carlos de Sevigné, tão sympathico quanto ella é antipathica, tão dedicado quanto ella é egoista, tão apaixonado pelas graças, virtudes e encantos da mãe, quanto ella parece ser-lhes indifferente, Mme. de Grignan tem por unica virtude a de ter inspirado essas deliciosas cartas, em que um periodo longo e interessantissimo da Historia se reflecte com incomparavel vivacidade, com uma frescura, um pittoresco, uma animação que jámais serão excedidos.
O bom pedante perdeu, já se vê, o tempo e o feitio que não era de amoroso, como egualmente o perdeu um homem que é o perfeito contraste d'elle, o cynico, o duellista, o donjuanesco Bussy Rabutin, que, depois de amar Madame de Sevigné, a odiou de morte, e depois de a odiar tornou a querer-lhe muito, encontrando-a sempre de pedra pura os seus transportes, mas capaz de apreciar o que havia de scintillante e caustico no seu espirito, de intrepido no seu valor, de melhor no seu pouco bom caracter.
Para mim, digo francamente, o Museu Carnavalet é Madame de Sevigné e não é mais nada. Este museu, extravagante contraste! está cheio de recordações revolucionarias. Lá está uma reducção feita, creio que em pedra, da Bastilha, lá está uma galeria, por signal detestavel, de retratos dos vultos principaes da revolução.
O palacio em que este museu está estabelecido pertenceu a Madame de Sévigné e foi habitado por ella; d'aqui a quantidade de recordações d'esta mulher encantadora, que o povoam e para mim o tornam particularmente interessante. Ha logo á entrada um busto d'ella que me fez parar enlevada em contemplação de uma das physionomias mais espirituosas e mais sympathicas que o Passado legou aos nossos dias.
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