United States or Palau ? Vote for the TOP Country of the Week !


Desacreditada a Zina, um nunca acabar de linguarice! Hórror, hórror, hórror! Na minha qualidade de historiografo sincero, cumpre-me mencionar que Aphanassi Matveich esteve a tiritar toda a santa noite no cubiculo, ás escuras, onde se fôra alapardar para conservação dos seus olhos. O dia immediato não amanheceu fagueiro: isto de desgraças vem sempre aos pares.

Mas, notando que lhe não respondem, Madame Ziablova, depois de haver esguelhado uma olhadéla para a Zina e para Pavel Alexandrovitch, percebe que é alli de mais e sae, tambem, como quem vae procurar qualquer coisa. E d'ahi, desforra-se da propria discreção deixando-se ficar atráz da porta, de ouvido á escuta.

Pois bem, rejeita o dinheiro visto que lhe tens tamanha aversão, acceita apenas o necessario, e o resto, dá-o aos pobres. Por exemplo, estende o teu braço áquelle desgraçado que está ás portas da morte. Elle nunca acceitaria, disse a Zina, baixinho, como se estivera falando comsigo.

Choviam perguntas a respeito do principe, naturalissimas todas ellas, na apparencia, mas por detrás de todas estava uma allusão. Serve-se o chá. Sentam-se todas á mêsa. Apodera-se do piano um grupo, Zina, ao convite de tocar ou de cantar, responde, muito sêca, que se acha incommodada. A pallidez do rosto abona-lhe aliás a veracidade.

E assim se passou todo o dia: A Zina a dizer-lhe que jamais o olvidaria, que a ninguem n'este mundo viria a dedicar amor egual áquelle que a elle lhe dedicára. E elle a acreditál-a, a sorrir-lhe, a beijar-lhe as mãos.

Maria Alexandrovna nem sequer pensa em esconder o seu contentamento. Deante d'ella, um rapaz a fazer boquinhas e a cantar, muito animado, seja o que fôr. Percebe-se que se desvéla por agradar a quem o está escutando. Tem vinte e cinco annos. Se não fossem as suas exuberancias, se não fossem tambem as suas pretensões a engraçado, seria toleravel. Está bem vestido, é loiro e de agradavel presença. a elle nos referimos, é o senhor Mozgliakov, môço sobre quem se fundaram esperanças matrimoniaes. Maria Alexandrovna acha-lhe a cabeça um tanto ôca, mas nem por isso deixa de o receber muito bem. Diz elle que está loucamente apaixonado pela Zina. Dirige-se a esta continuamente, ancioso por alcançar um ar de riso a poder de bons ditos e de azoamento. Ella, comtudo, mantem-n'o a distancia, com extrema frialdade. A joven está de junto ao piano, a folhear um almanaque.

Ah! principe, ella sabe outras ainda mais bonitas! Conhece a Andorinha? a ouviu? Está claro... mas não me lembra... Não... não!... aquella que cantava ha pouco: não quero a Andorinha! Quero aquella tal romança: disse o principe a pedinchar como um pequerrucho. A Zina recommeça a alludida romança. O principe não pode ter mão em si e ajoelha-lhe aos pés a chorar... Oh! minha formosa castellã!

Eis o que succedera: Logo de manhanzinha, ahi pelas sete horas, salvo erro, entrava em casa de Maria Alexandrovna uma pobre vélhita, afflictissima, a supplicar da aia que fosse quanto antes accordar a barichina , mas esta, tão sómente, ás escondidas de Maria Alexandrovna. A Zina, assustada, accudira desde logo.

Toca a campainha. E então! a parêlha? pergunta ao creado que entra. Está prompta, ha que tempos, responde o criado. Veste-se á pressa e corre ao quarto da Zina para lhe transmitir o seu plano e dar-lhe as devidas instrucções.

Qual teria sido o ponto de partida? Ninguem o sabia, mas caso é que se espalharam acto continuo. Afiançava toda a gente que Maria Alexandrovna tinha promettido a mão da filha, da sua Zina, com vinte e tres annos e sem um kopek de dote, ao principe: que o Mozgliakov tinha sido posto a andar e que estava tudo resolvido e assignado.

Palavra Do Dia

rivington

Outros Procurando