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Rosina, mal que o viu, reconheceu-o. Era Bénard, por alcunha La goutte. Então lhe acudiram de tropel pungentes recordações da sua vida de vivandeira, quando, sentada no acampamento, via La goutte puxar da sua garrafinha de vidro branco e offerecer aguardente por esta formula inalteravel: Voulez-vous goutte?

E logo, antevendo a triste solidão da ausencia, rompeu em afflictivo chôro. Este era o natural de Rosina: ora vivandeira, ora mulher. Logo em principio o dissémos. Apesar da cega confiança que Graça Strech devia ao amor de Rosina, não era a sua alma, quanto mais se avisinhava da Italia, estranha ao ciume. No paiz dos amores, o ciume, la gelosia, respira-se com o ar.

Pois pergunta-se a um prisioneiro, a um ferido, a um homem mil vezes deshonrado, se é infeliz? Onde aprendeu esse cynismo de vivandeira? Onde havia de ser! Na taberna e no quartel. é que se fala assim... E, como ella chorasse á beira do catre: Sabe que eu ainda não estou inteiramente curado, Rosina? Parece-me que deliro ás vezes! Agora delirei eu. Não... não delirei.

O Tunante, orgulhoso de poder fazer concessões, acrescentou: Minha mulher tem por casa uns trapos, que não valem nada. Assim que chegarmos, eu irei buscal-os. Inteirada do offerecimento, Rosina abriu a bolça da ambulancia e tirou com presteza o seu corpete, saial e bonnet de vivandeira, arremessando-os ao rio. Que faz? perguntou Graça Strech.

Depois d'um combate, aproximava-se dos soldados, quando Graça Strech se demorava ainda, e pousando a face na mão e fechando os olhos, perguntava por gestos se «o irmão» estava ferido ou morrera. Os soldados, que a comprehendiam, acenavam-lhe negativamente. Assim decorriam os dias, sem que a alma da vivandeira saisse para fóra de si mesma.

Se obedecesse ao primeiro impeto, haveria falado, porque lhe passou no espirito a suspeita de que Rosina o denunciára, e de que esse soldado, que tanto se arreceiava de ser surprehendido, era um assassino galardoado talvez pela devassidão da vivandeira.

Como, porém, Graça Strech lentamente parecesse recobrar alento, inclinou-se-lhe ao ouvido e maviosamente repetiu: Se algum dia precisar do auxilio da pobre vivandeira, acredite que Rosina Regnau será sempre a mesma... O anjo da liberdade Foi-se restabelecendo o doente. Meiado abril, Craça Strech julgava-se robustecido sufficientemente para encetar a sua obra de vingança.

Reservarei para o senhor as minhas palavras e o meu coração; para todos os outros serei muda, idiota, louca, se tanto for preciso. Mas deixe-me vel-o, seguil-o, falar-lhe a si, percebe, a si! Não estranhe a minha fraqueza. A alma da vivandeira é como um cartuxo de polvora: cheguem-lhe lume, e ella arderá. O senhor bem sabe que eu sou vivandeira... Graça Strech queria falar.

E tudo o que ella soffria era por ser franceza... Tambem elle se não lembrava n'esse lance de que a mariposa procura a chamma! E Rosina era a mariposa do acampamento. Não obstante, desconfiando ainda da clareza da sua percepção, quiz oppôr obstaculos á resolução da vivandeira: Mas não sabe que isso é impossivel, Rosina? Não sabe que se não póde seguir ninguem através dos azares da guerra?

D'essa campanha ficou até na memoria do regimento uma agudeza da pequena vivandeira. Estavam os soldados chasqueando uma vez da fealdade de certo camarada. Que tal te parece, Rosina? perguntou um á pequena. Parece-me mal, respondeu ella, porque vi os trez imperadores.

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