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Atualizado: 17 de junho de 2025


As mãos formosas e delicadas premiam suavemente as teclas de marfim, mas o seu espirito via uma imagem, aquella musica lhe repetia um nome: Luiz. E tão embebida estava, tão embrenhada jazia n'aquelle sonho que a dominava, que nem sequer deu pelo cabinda, que surgiu cautelloso a uma das portas. O negro parou n'uma contemplação, que era a maior prova do seu culto por Magdalena.

Júlia, protestando, sentava-se ao piano. O marfim das teclas reluzia ainda no fulgor indeciso da luz moribunda. O verniz dos móveis perdia o brilho. A sombra parecia prender-se molemente aos cortinados de renda, amontoar-se aos cantos: e um Nocturno soluçava, em harmonias, sob os dedos afusados de Júlia, em que as pedras dos aneis chamejavam fogos mortiços. Nuno e Frederico, sentados em poltronas de molas flácidas e embalados pelo afago da música, em que vozes ignoradas, vindas de muito longe, das mais recônditas regiões da alma, se lamentavam, narrando a tristeza das aspirações nunca alcançadas, os sonhos de amor traídos, as ilusões nunca realizadas, fechavam os olhos para mais se absorverem no segrêdo, no mistério espiritual dessa música divina que pouco a pouco, e por influxo da sua beleza, da sua potência expressional, da sua doçura penetrante, extinguia todos os azedumes, acalmava, pacificava as imaginações sobreexcitadas, era como que uma simbólica promessa de aspirações veementes que haviam de realizar-se e parecia conter em si o sentido oculto da graça de viver. Fóra, na noite silenciosa, a lua branca e enorme flutuava no céu, entornava o seu luar suave como uma carícia pelo jardim adormecido, sôbre as ramagens dos arvoredos imóveis do parque, alongava as formas, transmitia

D. Guiomar Torrezão, do Diario Illustrado, dedilhando com mão d'anneis n'aquella folha o cavaquinho da critica amena, diz-nos o seguinte: « alguma vez experimentaram a impressão que se sente entrando-se em um boudoir, em uma especie de bonbonniere capitonada de setim azul, impregnada de ixoria, mergulhado em uma meia luz mysteriosa, peneirada por umas cortinas de renda suissa, com arabescos de flores caprichosas e aves raras, de plumagens ondeantes, e ouvindo-se ahi, com as palpebras semi-cerradas e a cabeça enterrada em uma almofada de setim macio e luminoso, um nocturno de Chopin, que vem de longe em longe, evolando-se das teclas de um piano ou das cordas gementes de um violoncello, pousar-nos no ouvido um longo beijo feito de melancolias, vagamente sonhadoras e de harmonias verdadeiramente divinas?...

Nessa manhã, Júlia, que estivera tocando a Sonata Patética, de Beethoven, descansava ainda os dedos fatigados sôbre as teclas, enquanto Nuno e Frederico, encostados ao peitoril da janela, espreitavam o parque. Uma criada entrou, de repente, na sala, com o correio.

Commetti de certo desatinos, mas não posso bem avaliar tôda a extensão dos meus disparates, tão inconsciente estava. Terminado o jantar, voltámos á sala, onde continuava a minha confusão, até que uma dama se sentou ao piano. Os seus dêdos corrêram ligeiros sôbre as teclas, fazendo vibrar n'as cordas em harmoniôso concêrto, um dos Nocturnos de Chopin.

Havia ao centro da casa uma especie de grande cravo de castanho, com teclas de cobre oxidado, aonde vinham ter as cordagens de toda aquella sinalhada. Com gesto placido elle conduziu-me ao teclado, sobre cuja arca depuzera a lanterna escancarada. E desenrolando um grosso manuscripto de musica, pol-o na estante, e fez-me signal a que me assentasse n'um monte de cordas que estava perto.

Que fizeste? Enterrei na ilharga do Snr. Governador Civil a minha bôa penna de Toledo, até á rama! O Barrôlo, impressionado, beliscava a pelle do pescoço. O piano emmudecera: mas Gracinha não se movia do môcho, com os dedos entorpecidos nas teclas, como esquecida deante da larga folha onde se enfileiravam, na lettra apurada do Videirinha, as quadras triumphaes dos Ramires.

Por isso, quando á noite dançam e folgam nos ares, toda a natureza se compraz em lhes adornar os festejos; as brisas volteiam com as suas urnas cheias de aromas; os rouxinoes descantam as suas arias; a orchestra immensa dos pinhaes, das carvalheiras e dos salgueiraes entrega aos arcos invisiveis do vento as frementes cordas das suas franças, ou deixam que mão ignota doideje vagamente nas teclas das suas frondes!

Deixa, que eu te cantarolo uma quadra, á bôa moda do Videirinha... Mas primeiramente um anjo... Grita ahi no corredor que me tragam um copo d'agua bem fresca do Poço Velho. Ensaiou as teclas, entoou versos, ao accaso, n'um esforço esganiçado: Ora na grande batalha, Quatro Ramires valentes... Gracinha desapparecera por uma fenda do reposteiro, sem rumor.

Mr. Whitestone, desde que o filho entrára, occupava-se em uma singular tarefa. Foi sentar-se ao piano e principiou a correr os dedos pelas teclas com presteza e com uma desharmonia supportavel ao seu ouvido inglez. Esta especie de divertimento era d'aquelles, a que, por excentricidade, mui frequentemente se entregava.

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