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Atualizado: 30 de setembro de 2025


Lembre-te a formosura de Narciso, E qual pago lhe deo seu desamor: Ólha que com amor disto te aviso. Mas quando essa crueza tanta for, Que mereça do ceo novo castigo, Qual herva será digna de tal flor? Amor que me persegue, Amor que sigo, Me faz d'hum grave mal andar temendo; D'hum mal, qu'eu sinto na alma e que não digo.

Melhor qu'eu o dirá a subtil donzella, Que ja na sua téla o debuxou. Ah caso grande e grave! Ah peitos de diamante fabricados, E das leis absolutos naturais! Aquelle amor suave, Aquelle poder alto, que forçados Os deoses obedecem, desprezais? Pois quero que saibais, Que contra o fero Amor nunca houve escudo: Costume he seu tomar vingança em tudo.

E vendo-me ir maltratado, Eu e meu cuidado sós, Proveo nisso de attentado, Por não me ausentar de vós, Sem vós, e com meu cuidado. Mas est'alma, qu'eu trazia, Porque vós nella morais, Deixa-me cego, e sem guia; Que ha por melhor companhia Ficar onde vós ficais. Assi me vou de meu bem, Onde quer a forte estrella, Sem alma, qu'em si vos tem, Co'o mal de viver sem ella: Olhae com quem, e sem quem!

Emfim, não houve trance de fortuna, Nem perigos, nem casos duvidosos, Injustiças daquelles que o confuso Regimento do mundo, antigo abuso, Faz sôbre os outros homens poderosos, Qu'eu não passasse, atado á fiel coluna Do soffrimento meu, que a importuna Perseguição de males em pedaços Mil vezes fez á fôrça de seus braços.

Isto que cuido e vejo, ás vezes tomo Para consolação de tantos danos. Mas a fraqueza humana quando lança Os olhos no que corre, e não alcança Senão memoria dos passados anos; As ágoas qu'então bebo, e o pão que como, Lagrimas tristes são, qu'eu nunca domo, Senão com fabricar na phantasia Phantasticas pinturas d'alegria.

Se o lugar se considera Do alto estado, que vos deu A sorte, qu'eu mais quizera; Se he qu'eu sou quem d'antes era, Retrato, vós não sois meu. Vós na vossa glória pôsto, Eu na minha sepultura, Vós com bens, eu com desgôsto; Pareceis-vos ao meu rosto, E não ja á minha ventura. E pois nella e vós errarão O qu'em mi he principal, Muito em ambos s'enganárão.

Ser minha pena mortal, Ja qu'entendeis, que he assi, Não quero fallar por mi, Que por mi falla meu mal. Sois formosas, Haveis de ser piedosas, Por ser tudo d'huma côr; Que pois Amor vos fez rosas Milagrosas, Fazei milagres de Amor. Pedi a quem vós sabeis, Que saiba de meu trabalho, Não pelo qu'eu nisso valho, Mas pelo que vós valeis.

Eu, Senhor, sou ladrão, tu justo Rei. Pois como entre ladrões eu não padeço? A pena a ti se do qu'eu errei? Eu servo sem valor, tu immenso preço, Em preço vil te pões, por me tirares Do captiveiro eterno que mereço? Eu por perder-te, e tu por me ganhares Te dás aos soltos homens, que te vendem, para os homens presos resgatares? A ti, que as almas sóltas, a ti prendem?

O tempo a tal estado me chegou; E nelle quiz que a vida se acabasse; Se ha em mi acabar-se, o qu'eu não creio; Que até da muita vida me receio.

Os olhos, qu'eu adoro, aquelle dia Que descêrão ao baixo pensamento, N'alma os aposentei suavemente; E pretendendo mais, como avarento, O coração lhe dei por iguaria, Que a meu mandado tinha obediente.

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