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Dois homens unicamente poderiam dominar o animo de D. João IV. Um, o mordomo-mór, rogou e foi seccamente desattendido; o outro é o alcofa do rei, Antonio Cavide, o secretario de estado, que me odeia, porque eu ousei censurar ao ouvido de quem me denunciou, que um ministro da sua polpa andasse negociando com as açafatas do paço os amores do seu rei.

O marquez contemplava-o. E elle, sem poder exprimir-se, exercitava com as mãos e cabeça uns gestos significativos de torvação. Sr. Leite... disse o mordomo-mór, tocando-lhe affavelmente na mão esquerda com que elle comprimia o coração. Sr. marquez... respondeu muito abatido Domingos Leite. Força e alma! Sinto que tenho ambas as cousas... e demais! Antes Deus me fizesse mais fraco.

Os movimentos eram feitos consoante regras antigas; cada passo, cada mesura, cada sorriso, vinham marcadas no grosso livro que um mordomo-mór colligira, a exemplo do que fizera um imperador bysantino. Apesar d'isso, porém, na côrte esplendida havia um pouco de mocidade.

Era a esse tempo mordomo-mór do palacio D. Beltran de la Cueva, que de pagem da lança passou logo a exercer essa alta dignidade, havendo sido igualmente agraciado com o titulo de conde de Ledesma.

Os inimigos eram pois muitos e terriveis: o auctor d'esta terrivel conspiração era o proprio mordomo-mór de El-Rei, o duque de Aveiro, caracter ambicioso, avarento, falso e orgulhoso, e que não possuia qualidade alguma que o tornasse agradavel, ou que justificasse o valimento que o rei lhe dispensava.

Oh!... é esta!?. Olha o maganão do padre Luiz com que cilicios se penitenciava! Bem me dizia el-rei que a mais bonita mulher de Lisboa, segundo ouvira ao juizo competente do sr. marquez, era a Traga-malhas... Que diria sua magestade, se a visse? Que diria, e que pensaria!.. accrescentou o mordomo-mór, sorrindo com a malicia commum dos dois fidalgos.

Valha-me o ceo! tornou o marquez de Gouvêa Cuidei que o infortunio de muitos, em casos desta natureza, lhe daria o exemplo do que é a verdadeira dignidade de um marido... Qual é? o despejo? Não: é o desprezo. E por ventura que sinto eu senão o desprezo por ella? Mas a mim é que eu não posso desprezar-me tambem, sr. mordomo-mór!

O mordomo-mór estava na idade critica dos cincoenta em que as paixões atabafam o coração como aos dezesete. Os velhos, quando amam, teem a sensibilidade das meninas que principiam a amar. Se não se percatam e escudam com o arnez da paciencia e da dignidade das cãs, maus bichos os comem, como disse o de Miranda.

Na côrte foi mordomo-mór; na ordem politica, par do reino, conselheiro de estado, embaixador extraordinario; na sciencia e nas lettras, lente e academico; na esphera mundana, um verdadeiro arbitro, cujos varonis e encantadores predicados, mais de uma vez estamos em conjectural-o, como academicos, a quem nenhum interesse humano pode ser indifferente, mais de uma vez, iamos dizendo, teriam, na longa e brilhante carreira do nosso consocio, posto em doce palpitação intimos anceios de frageis e commovidos corações.

Amor, zelos, a gangrena que afistulava os costumes do tempo, e o descredito das ordens religiosas femininas, compelliram o marquez a instar com a Gamarra que professasse no mosteiro de Santa Monica, da ordem de Santo Agostinho. E professou. O marquez não despegava das grades, senão para servir o rei como mordomo-mór. Tinha esposa e filhos, homens.

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