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80 "Imaginai tamanhas aventuras, Quais Euristeu a Alcides inventava, O leão Cleoneu, Harpias duras, O porco de Erimanto, a Hidra brava, Descer enfim

De Ixion, e Tantalo aos trabalhos chegue; Nas garras das harpias monstruosas Com elle, a grã discordia irada prégue. Cáia aos pés das Euménides raivosas, Que as cabeças de viboras povoadas Cingem de escuras fitas sanguinosas. Gema nas mãos das funebres e iradas Scyllas biformes, cuja enormidade As montanhas assombra inanimadas.

O Herói, ao lado da Deusa, estendeu o braço poderoso, como na Assembleia dos Reis, diante dos muros de Troia, quando plantava nas almas a verdade persuasiva: Oh Deusa, não te escandalises! Mas ainda que não existissem, para me levar, nem filho, nem espôsa, nem reino, eu afrontaria alegremente os mares e a ira dos Deuses! Porque, na verdade, oh Deusa muito ilustre, o meu coração saciado não suporta esta paz, esta doçura e esta beleza imortal. Considera, oh Deusa, que em oito anos nunca vi a folhagem destas árvores amarelecer e caír. Nunca êste céu rutilante se carregou de nuvens escuras; nem tive o contentamento de estender, bem abrigado, as mãos ao doce lume, emquanto a borrasca grossa batesse nos montes. Todas essas flores que brilham nas hastes airosas são as mesmas, oh Deusa, que admirei e respirei, na primeira manhã que me mostraste êstes prados perpétuos: e lírios que odeio, com um ódio amargo, pela impassibilidade da sua alvura eterna! Estas gaivotas repetem tam incessantemente, tam implacavelmente, o seu vôo harmonioso e branco, que eu escondo delas a face, como outros a escondem das negras Harpias! E quantas vezes me refugío no fundo da gruta para não escutar o murmúrio sempre lânguido dêstes arroios sempre transparentes! Considera, oh Deusa, que na tua Ilha nunca encontrei um charco; um tronco apodrecido; a carcassa dum bicho morto e coberto de moscas zumbidoras. Oh Deusa, oito anos, oito anos terríveis, estou privado de ver o trabalho, o esfôrço, a luta e o sofrimento... Oh Deusa, não te escandalises! Ando esfaimado por encontrar um corpo arquejando sob um fardo; dois bois fumegantes puxando um arado; homens que se injuriem na passagem duma ponte; os braços suplicantes duma mãe que chora; um coxo, sôbre a sua muleta, mendigando

89 "Ventos soltos lhe finjam, e imaginem Dos odres e Calipsos namoradas; Harpias que o manjar lhe contaminem; Descer

Manoel dos Malhos, que roncava impenetravel ás harpias do hotel, chorou copiosamente no capitulo intitulado: Uma insomnia. Quem sabe se, n'aquella noite, as luras epidermicas da casca de Manoel dos Malhos attrahiram as hordas a desenxovarem n'ellas as suas larvas e nymphas? Eu, n'aquellas estalagens, encontro sempre dous Manoeis dos Malhos, um de cada lado, e os outros bichos no meio.

Estas suspeitas tão frias, Com que o pensamento sonha, São assi como as harpias, Que as mais doces iguarias Vão converter em peçonha. Faz-me este mal infinito Não poder ja mais dizer, Por não vir a corromper Os gostos que tenho escrito, Co'os males qu'hei d'escrever. Não quero que s'apregôe Mal tanto para encobrir, Porque em quanto aqui s'ouvir Nenhuma outra cousa sôe, Que a glória de vos servir.

Ventos ſoltos lhe finjão & imaginem Dos odres, & Calipſos namoradas, Harpias, que o manjar lhe contaminem Decer aas ſombras nuas ja paſſadas: Que por muito & por muito que ſe afinem Nestas Fabulas vaãs tambem ſonhadas, A verdade que eu conto nua & pura Vence toda grandiloca eſcriptura.

Palavra Do Dia

rivington

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