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Mas a faculdade de desejar desapparece com os annos. O velho dos Goncourt, quando no restaurante lhe perguntam: O que deseja? responde: Desejava ter um desejo. Viver é agir. Colher todas flores e todos os espinhos, violar todos os cimos, mergulhar em todos os lodos, sentir intensamente, pensar todas as doutrinas, apreender do Universo tudo o que fôr possivel, ver tudo, ouvir tudo! Viver é entrar na harmonia do Mundo!

N'este exercito, cujos generaes se chamam Flaubert, Zola, Daudet, são os Goncourt que vão na vanguarda, desbastando a grande floresta, em que Balzac foi o primeiro a penetrar, com as suas passadas de gigante e a força herculea do seu machado de explorador.

A distenção retumbante de Hugo era tão intoleravel como a flaccidez oleosa de Lamartine. A Michelet faltava gravidade e equilibrio; a Renan solidez e nervo; a Taine fluidez e transparencia; a Flaubert vibração e calor. O pobre Balzac, esse, era d'uma exuberancia desordenada e barbarica. E o preciosismo dos Goncourt e do seu mundo parecia-lhe perfeitamente indecente...

Pois é positivamente, repetimos, esse dom possuido em alto grau pelo grande pintor de costumes do seculo XIX chamado Gavarni, que elle soube communicar aos dois irmãos Goncourt.

Julio de Goncourt conseguiu, pois, á custa de um trabalho mental exagerado e exclusivo que lhe custou a vida, dar á lingua franceza a subtileza, o nervosismo, a intensidade harmonica, a rapidez e a variedade de cambiantes que ella não tinha. O estylo d'elle, ou antes o estylo dos dois irmãos, tem musicas e tons esbatidos, e perfumes agonisantes, e fremitos voluptuosos, e sobresaltos hystericos.

E, no entanto, são incompletos todos os artistas da palavra que a não sentem. A palavra é tudo para o escriptor, visto que é o unico meio que elle tem de traduzir as variadissimas, as infinitas modificações do espirito humano. Os dois Goncourt fizeram do estylo uma sciencia, a mais complexa e requintada das sciencias.

Os Goncourt foram isto, e é por esse motivo que os que soffrem se sentem um pouco irmãos d'esses artistas de tão morbida e delicada tristeza!

O amor da litteratura, este amor que nós, em Portugal, por ouvirmos fallar d'elle, conhecemos incompletamente, amor que absorve, que encanta, que allucina e que mata por fim como matou Flaubert, como matou Julio de Goncourt, como matou Balsac, como é muito provavel que mate brevemente Daudet o amor da litteratura respira-se n'estas cartas com um perfume subtil que as embalsama, e que as impregna admiravelmente.

Se os Goncourt são os precursores da escola chamada naturalista, e cuja paternidade se attribue injustamente a Flaubert, é fóra de duvida que elles, o proprio Flaubert, Zola, Daudet, e alguns discipulos d'estes, são apenas os filhos espirituaes de Balzac. Elles são incontestaveis e distinctos artistas; elle era o Genio. Cada um d'elles tem a sua accentuada individualidade propria.

Edmond de Goncourt, quando perdeu o irmão mais novo, que estremecia como uma porção da propria vida, como um membro do seu corpo, ou uma parcella indivisivel da sua alma, ficou por largo tempo emmudecido, no lethargo que succede aos grandes abalos da sensibilidade.

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lodam

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