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Olha que vae com ella o tio Paulo Figueirôa de Travanca, besta finoria que ha de dar comtigo, se te não esconderes a bom recado. A lealdade impoz-me o dever de te dar esta má noticia. Mais má seria, se t'a levasse tua senhora. Sei que outra pessoa te faria reflexões inuteis; mas eu tenho obrigação de conhecer os homens. No entanto, faz o que teu bom juizo te suggerir.
Ás onze horas, Calisto Eloy retirou-se taciturno e contristado. A só com a sua consciencia, e debaixo do olhar severo dos seus livros, o marido de D. Theodora Figueirôa reflectiu conturbado na transformação do seu modo de viver e sentir.
Eis que, a subitas, do coração de Calisto resalta a primeira faisca de amor! Conheço que este desastre não se devia contar sem grandes prologos. Sei que o leitor ficou passado com esta noticia. Grita que a inverosimilhança é flagrante. Não póde de boamente consentir que se lhe desfigure a sisuda physionomia moral do marido de D. Theodora Figueirôa.
Casou o morgado, ao tocar pelos vinte annos, com sua segunda prima D. Theodora Barbuda de Figueirôa, morgada de Travanca, senhora de raro aviso, e muito apontada em amanho de casa, e ignorante mais que o necessario para ter juizo.
Não sei disse mal encarado o funccionario. Eu sou tio d'elle; faça favor de lhe ir dizer que está aqui o tio Paulo de Figueirôa. Não posso lá ir volveu o porteiro, mais brando. Peça áquelle sr. deputado, que ahi vem que lh'o diga. Paulo dirigiu-se a um sujeito de exterior sacerdotal. Era o abbade de Estevães.
Repetiu, fez pausa, suspirou, e declamou ainda o primeiro verso do terceto: Não cabe em mim tal bem-aventurança! N'isto, a imagem de sua prima e esposa D. Theodora Figueirôa, trazida alli por decreto do alto, antepoz-se-lhe aos olhos enleados na imagem de Adelaide. Calisto estremeceu de puro pejo de sua fraqueza, e lançou mão da ultima carta que recebêra de sua saudosa mulher.
O tio, como elle não voltasse ao segundo dia, metteu-se á sua carruagem, e foi procural-o, e entregar-lhe cartas recebidas do norte. Uma era de sua mãe, outra d'um seu tio paterno, fidalgo de Barcellos, o mais acerrimo impugnador do casamento de um Teive Lacerda Corrêa Figueirôa, com uma mulher da Fervença, que, dizia elle, por nome não perca.
Não ha de levar, que eu vou lá! bradou Theodora assanhada pelas reflexões do primo. Não vaes, prima, que os teus parentes não consentem que tu vás ser em Lisboa motivo de gargalhadas d'aquella gente, e maltratada por Calisto. A morgada de Travanca, a filha de Francisco de Figueirôa, não vae, como as mulherinhas da ralé, procurar o marido fóra de sua casa.
*A saudade e a sciencia em dialogo* Dois mezes depois de fechado o parlamento, D. Theodora Figueirôa, farta de escrever cartas, e de esperar respostas que lhe iam a razão de uma por dez, mandou chamar aquelle Braz Lobato, professor de instrucção primaria, e, com os olhos vermelhos de chorar, abriu do peito oppresso estas palavras: Que me diz vocemecê sr. Braz, á demora do meu homem?
As filhas do desembargador Figueirôa rodeavam o primo Affonso de agrados, de gozos familiares, e recreios, tendendo tudo a divertil-o de sua taciturna melancolia. A senhora de Ruivães, escrevendo a seu irmão, pedia-lhe que se descuidasse em materia de estudos, e tomasse muito a peito a distracção do filho, qualquer que fosse o gasto que ella houvesse de desembolsar.