Vietnam or Thailand ? Vote for the TOP Country of the Week !
Atualizado: 21 de junho de 2025
Faz-nos muito favôr, interrompeu Ricardo. Nos dias em que não tenho de ir a Coimbra é sempre esta semsaboria. Olhe, os pequenos já estão deitados; mal anoitece, começam logo a cair com somno. A Emilia passa o tempo com os farrapos. A mim, o que me vale é o Seculo.
No meio das paginas inteiramente consagradas pelo auctor á descripção e á enumeração de todas as coisas feitas pela raça neerlandeza em favor do seu proprio engrandecimento, e da sua propria illustração, paginas que parecem escriptas por um Taine com entranhas e com alma, Ramalho interrompe-se por momentos, e n'uma lingua idylica e harmoniosa, n'uma lingua em que ha eccos de Shakespeare e visões de Ariosto, n'uma lingua que parece feita de gotas de luar e de raios do sol, de aromas indefinidos, de vagas scintillações fatuas, de vibrações de harpa eolia occulta entre os salgueiros, faz-nos a pintura palpitante, luminosa, musical, colorida, da Floresta da Haya, d'esse bosque sagrado que elle julga proprio para abrigar, na sombra estranha e dôce da sua densa ramaria mysteriosa, os amores profundos e tragicos, as sublimes paixões heroicas da lenda e da historia, o somno esquecido e calmo dos grandes deuses mortos, os divinos dialogos ardentes que os poetas puzeram na bocca dos seus amantes immortaes.
Eva, depois do peccado original, faz-nos rir vestida de folhas de figueira. Ora o fato de banho é o meio termo: a folha de figueira. Para vestir... é pouco; para despir... é muito. Ha porém uma coisa peior do que vestir um fato de banho: é querer sophismal-o. Certas damas, quando chegam á praia, conseguem dar na vista pela perfeição plastica das suas curvas.
O Algarve é um paiz delicioso; reina ali uma atmosphera oriental, e as copas elegantes das palmeiras que se inclinam sôbre as casas em terraços, faz-nos, ás vezes, esquècer de que vivemos no prosaïsmo da Europa. Eu era ali o commandante militar, quer dizer, que afazeres poucos tinha.
Pódem disputar-lhe qualquer outra especie de gloria, menos esta, já não pequena, de iniciador. A consideração do que ha de viril e quasi heroico na attitude dos exploradores, faz-nos vêr na sua obra mais ainda o valor d'uma acção pessoal do que o das conclusões scientificas, e dá-lhe um merecimento independente das muitas imperfeições e lacunas, que seria pueril pretender dissimular.
Isto em quanto á concepção. Em quanto, porém, a certa ordem de sentimentos, que, no ponto de vista épico, são secundarios, mas que occupam um grande logar no poema, para os comprehender faz-nos o sr. Oliveira Martins considerar outro lado da physionomia tão complexa de Camões e da sua época. Com effeito, se Camões é um portuguez do seculo XVI, é ao mesmo tempo um artista da Renascença; daqui todo um lado dos Lusiadas, que excede a idéa nacional, e por onde este profundo poema se liga, não já á vida necessariamente estreita de um simples povo, mas ao vasto movimento do espirito humano nos tempos modernos. Sem este lado, a significação dos Lusiadas seria meramente nacional e local, não europêa e universal: teriam só um valor historico e não philosophico tambem. Mas Camões, portuguez pelo caracter e pelo coração, era pela intelligencia mais do que portuguez sómente. Respirava a atmosphera subtil e vivificante da Renascença: no seu vasto espirito, como no dos grandes artistas desse tempo, havia um lado mysterioso e profundo que se virava, não para o passado ou para o presente, mas para o illimitado futuro, presentindo já a revolução moral dos seculos XVIII e XIX. Se Camões, como portuguez é patriota e heroico, como homem da Renascença é pantheista; pantheista platonico e idealista, já se vê, como Miguel Angelo, Leonardo de Vinci, Shakespeare. Portuguez, exalta os feitos por onde o seu povo conquista entre as nações um logar proeminente: homem da Renascença, sente e interpreta a natureza com um naturalismo impregnado de idealidade, que é mais ainda o presentimento de um mundo moral novo, do que uma imitação da antiguidade pagan. O sentimento pantheista da natureza, sentimento todo moderno, e que devia mais tarde chegar á plenitude em Rousseau, Goethe, Hugo, appareceu pela primeira vez em Camões. Daqui, o caracter do seu espanto em face dos grandes phenomenos maritimos; daqui, a concepção do Adamastor; daqui, o sensualismo da primeira parte do canto XI e o idealismo da ultima.
O vulto grosseiro d'esse dictador que se chamou Sebastião José de Carvalho, levantado em triumpho como um symbolo de progresso e de liberdade, com a sua cabelleira de rabicho, com os seus autos do Tribunal da Inconfidencia e os seus cadernos da Intendencia da Policia debaixo dos braços, faz-nos o effeito de um velho monstro paleontologico, desenterrado das florestas carboniferas e reposto, com palha dentro, no meio do espanto da flora e da fauna do mundo moderno.
Palavra Do Dia
Outros Procurando