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Atualizado: 30 de abril de 2025


Amor se pinta Menino, e cego: No doce emprêgo Do charo bem Não defeitos, E augmenta, quantas Bellezas tem. Nenhum dos Vates, Em teu conceito, Nutrio no peito Nescia paixão? Todas aquellas, Que vês cantadas, Forão dotadas De perfeição? Forão queridas; Porém formosas Talvez que não. Porém que importa Não valha nada Seres cantada Do teu Dirceo?

Chegão as horas Marilia, Em que o Sol se tem posto, Vem-me á memoria que nellas Via á janella o teu rosto: Reclino na mão a face E entro de novo a chorar. Diz-me Cupido: basta, basta, Dirceo, de pranto; Em obsequio de Marilia Vai erguer teu doce canto. Pendem as fontes dos olhos, Mas eu sempre vou cantar.

O Numen, Dirceo, o Numen Que aos trabalhos de hum humano Desta sorte felicita, Não he, como se accredita, Não he hum Numen tyranno. Olha se a cega Fortuna De tudo quanto se cria, Ou nos mares, ou na terra, Em o seu thesouro encerra Outro bem de mais valia? Lizas faces côr de rosa, Brancos dentes, olhos bellos, Grossos beiços encarnados, Pescoço, e peitos nevados, Negros e finos cabellos;

Ah, Marilia, que tormento Não tens de sentir saudosa! Não podem ver os teus olhos A campina deleitosa, Nem a tua mesma Aldêa, Que tyrannos não proponhão Á inda inquieta idéa Huma imagem de afflição. Mandarás aos surdos Deoses Novos suspiros em vão. Quando levares, Marilia, Teu ledo rebanho ao prado Tu dirás: aqui trazia Dirceo tambem o seu gado.

O Genio, que se escondia Entre os peitos da Pastora, Erguêo a cabeça fóra, E o successo conhecêo. Deixa o socego em que estava, E vai ligeiro metter-se No peito do bom Dirceo. Apenas c'o brando peito Lhe tocou a neve fria, Com o calor que trazia Lhe abrazou o coração. o Pastor hum suspiro, Abre os seus olhos, e sólta Do apertado ouvido a mão.

O coração pelos olhos Em terno pranto sahia, E no meu peito saltava: Disfarçado Amor, olhava Para mim a furto, e ria. Depois de passado tempo, A mim se chega, e me aballa; Desperto de tanto assombro: Elle bate no meu hombro, E assim affavel me falla. Sim, caro Dirceo, he esta A divina formosura, Que te destina Cupido; Aqui tens o laço urdido Da tua immortal ventura.

Se não lhe désse Compadecido Tanto soccorro O Deos Cupido; Se não vivêra Huma esperança No peito seu; morto estava O bom Dirceo. quanto póde Teu bello rosto; E de goza-lo O vivo gosto! Que sobmergido Em hum tormento Quasi infernal, Porqu' inda espero Resisto ao mal. Deten-te, vil humano, Não espremas cicutas Para fazer-me damno.

Não se entorpece A lingua, e braço; Não treme o passo, Não perde a côr. Ah! tambem quanto Dirceo obrára, Se precisára, Marilia bella, Do esforço seu! Rompêra os mares C'o peito terno, Fôra ao Inferno, Subíra ao Ceo. Aos dois amantes De Thracia, e Abydo Não deo Cupido Do que aos mais todos Maior valor. Por seus vassallos Forças reparte, Como lhes parte Os gráos de Amor.

Dirceo te deixa, ó bella, De padecer cançado: Frio suor banha Seu rosto descórado; O sangue não gyra pela vêa, Seus pulsos não batem; E a clara luz dos olhos se bacêa: A lagrima sentida lhe corre; pára a convulsão, suspira, e morre. Seu espirito chega Onde se pune o erro: Late o cão, e se lhe abrem Grossos portões de ferro.

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