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E assi se encommendou o cerco da Amieira ao capitão Alvaro Vaz d'Almada, conde d'Abranches, ordenando a cada um as gentes e apparelhos que cumpriam. E foi accordado que o Regente e o Infante D. João, e condes d'Ourem e d'Arrayollos fossem sobre o Crato.

Das quaes cousas todas como passavam o conde d'Ourem foi logo na côrte avisado, e por favorecer a parte do duque seu padre não sendo bem seguro e confiado de muitos que n'aquella viagem o acompanhavam, temendo que na maior affronta o leixariam, fez crêr ao Infante D. Fernando, irmão de El-Rei, que por ser casado com a neta do duque, filha do Infante D. João, este caso era proprio seu.

E passados alguns dias depois d'estes conselhos, o Infante não se esfriando em seu proposito, apartou em uma camara o conde d'Abranches, e lhe disse: «Conde, sabei que eu sinto minha alma avorrecida de viver n'este corpo, como desejosa de se sair de suas paixões e tristezas, e consirados os feios combates que minha vida, honra e estado cada dia recebem, com esperança de não minguarem, mas cada vez crescerem mais, certo se as cousas n'esta viagem me não sobcedem como eu desejo, e seria razão, eu todavia determino morrer e acabar inteiro, e não em pedaços, e como quer que tenho outros bons criados e servidores, que por suas bondades folgariam e não se escusariam de morrer comigo, porém em vós sobre todos tomei esta confiança, assi pela irmandade que comigo merecestes ter na santa e honrada Ordem da Garrotea em que somos confrades, como por criação que vos fiz, e principalmente pela certidão que de vossa bondade e esforço tenho ha muito conhecido, e por tanto quero saber de vós, se no dia que d'este mundo me partir, querereis tambem ser meu companheiro, e com isso lembre-vos para satisfazerdes aos primores de vossa honra, que sendo vós tão conhecidamente meu criado e servidor, e tão publico imigo do conde d'Ourem e Arcebispo de Lisboa, depois de minha morte não podeis ter vida, salvo reservada para com mãos d'algozes a perderdes em lugares vis, e com pregões deshonrados

E em fim o conde d'Ourem não mostrou o que por ventura não tinha; porém tamanho descontentamento e agravo mostrou que do Infante por isso recebia, que nunca depois quiz vir á sua casa, e menos á côrte d'El-Rei emquanto elle regeu, e este odio do conde d'Ourem foi a causa principal da morte e destruição do Infante D. Pedro, como se dirá.

Ó duque de Bragança e conde d'Ourem vosso filho; porque contra o Infante D. Pedro quizestes ser, e fostes principaes movedores e sós capitães d'esta feia e dorosa empresa! Não foi certamente por hereje nem máo christão; porque suas obras o aprovavam por mui catholico e amigo de Deus.

E concordado assi todo se despediram uns dos outros: o Regente e o conde d'Ourem para Lisboa, e o Infante D. Anrique para suas terras, e o conde de Barcellos tornou-se d'onde viera; e isto foi no fim de Fevereiro do anno de mil e quatrocentos e quarenta e um. Das côrtes que se fizeram sobre o casamento d'El-Rei com a Rainha D. Isabel, filha do Infante D. Pedro

As quaes cousas vendo o conde d'Ourem aparelhadas com tal trigança para destruição de seu pae, ajuntou comsigo para sua ajuda alguns principaes, perante quem fallou ao Regente.

E acompanhado de muita gente que o veiu servir, partiu de Santarem caminho d'Aviz, onde com o Infante D. João e condes d'Ourem e d'Arrayollos tinha concertado seu ajuntamento, para hi terem conselho sobre o que fariam; porque o Infante D. Anrique era na Beira para a defender, como se disse. Da resposta que o Regente houve d'algumas cousas que com sua embaixada enviou a Roma requerer

N'este anno estando o Regente com El-Rei na cidade d'Evora, falleceu sem herdeiros um D. Duarte, que foi senhor de Bragança, e tinha o castello d'Outeiro de Miranda; veiu logo á côrte o conde de Barcellos, e pediu este senhorio e castello ao Regente, o qual se escusou d'elle por o ter promettido ao conde d'Ourem seu filho, que no requerimento se antecipara primeiro, e porém logo entre o pae e o filho houve n'isso tal concordia, que o conde d'Ourem por ser filho maior esperando todo sobceder, juntamente desistiu da promessa e por prazer do Regente a passou ao conde de Barcellos, que logo pelo dito Infante D. Pedro foi feito e intitulado duque de Bragança.

Como El-Rei por meio do duque e de seu filho o conde d'Ourem pediu ao Infante o Regimento do Reino, e como inteiramente lh'o leixou