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A Chronica del-Rei D. Sancho II sendo muito breve, merece maior exame, que as outras, porque era precizo ao seu escritor defender o que fez todo o Reino para autorizar a deposição daquelle Principe mais infelice, que culpado, e quanto mais razões buscou este escritor para culpar o seu Rei, tanto mais seguio a primeira errada maxima, continuada por muitos Historiadores, que se convencem a si mesmos com a força da razão, celebrando a fidelidade dos dous valerosos defensores de Coimbra, e Cerolico.

Não deve logo ter culpa Quem se venceo d'armas tais: Assi que nisto, e no mais, Tomo por minha desculpa Vós mesma que me culpais. E se este atrevimento Com tudo for de culpar, Acabae de me matar; Que aqui tenho hum soffrimento Que tudo póde passar. E se esta penitencia, Que faço em me perder, Algum bem vos merecer, Fique em vossa consciencia O que me podeis dever. Que dizeis a isto, Senhora?

E tão mal despachado como a desaventura do tempo ordenou; porque assi como vivendo o duque de Borgonha, El-Rei de França por ganhar sua paz, ajudara de necessidade a El-Rei D. Affonso, assi por sua morte achando muita da sua terra desocupada para a poder cobrar, não curou d'isso, nem foi muito de culpar El-Rei de França por maiores promessas que fizera; porque para dar gente e dinheiro a Rei estranho, com que para isso ganhasse reino de empresa tão duvidosa, e leixar perder e não cobrar sua propria terra, o direito e rasão que o a isso obrigasse seria escuro e máo d'achar.

E assi a qualquer parece que está mais dobrado, sem nenhum conhecer seu proprio engano, por grande que seja. Ora, Senhores, a mim me esquece o dito todo de ponto em claro: mas não sou de culpar, porque não ha mais que tres dias que mo derão. Mas em breves palavras direi a vossas mercês a summa da obra: ella he toda de rir, do cabo até á ponta.

O Papa lhe reprehendera muito por isto, dizendo que tal cousa como aquella lhe não pertencia, sómente á apostolica, nem era dado a elle nem a outro nenhum prometter nem ficar por tal caso. «Senhor Santo Padredisse o Cardeal: «Eu não digo letra, mas se a cadeira de S. Pedro fôra minha eu lh'a deixára e déra de boa mente por escapar de suas mãos; que se vós vireis sobre vós um cavalleiro, tão forte e tão espantoso como elle é, ter-vos uma mão no cabeção, e outra alçada para vos cortar a cabeça, e o seu cavallo não menos alvoraçado, ora com uma mão ora com outra cavando a terra, parecendo que me fazia a cova, vós dereis a letra e o Papado por escapardes da morte; e portanto me não deveis de culparEntão lhe outorgou o Papa a letra na maneira que o Cardeal quiz, e mandou-a a El-Rei antes dos quatro mezes.

Porque a Rainha, como quer que sempre foi muito honesta, virtuosa, prudente, devota e muito amiga da vida e honra d'El-Rei seu marido: porém sempre em sua vida mostrou ao Infante D. Pedro que não lhe tinha boa vontade: e as causas porque assim fosse eram occultas para culpar o Infante, salvo se procedessem de induzimentos alheios, que em sua feminil fraqueza de ligeiro fariam impressão, ou por ventura procederia das imisades que foram entre El-Rei D. Fernando d'Aragão, pae da rainha, e o conde d'Urgel, pae da Infante D. Izabel, mulher do dito Infante D. Pedro, que pertendeu por direito na successão d'Aragão, e foi d'El-Rei n'ella vencido.