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Era verdade; Isaura, que não tinha de predilecções litterarias senão o quantum satis para ser senhora da moda, enfastiada d'estas repetições de historias phantasticas, resistira um momento ao somno que a perseguia, mas, quando se entrára na historia dos amores de Raymundo e Zoraida, fôra a pouco e pouco encostando a cabeça para traz, e adormecera profundamente.

Profanado o terrivel juramento, o que havia de sagrado para Raymundo? O que importava a honra de cavalleiro a quem prostituira a santa crença de seus paes? Apagára-se a candida estrella que o guiava nas trevas da existencia, e a luz, que o fascinava, scintillava nos olhos negros de Zoraida, a gentil amaldiçoada. Se tinha reflexos infernaes, tinha tambem o esplendor prestigioso da tentação sensual.

Não zombes d'esta cruz, respondeu elle com modo sombrio; quando eu era innocente e suspirou vinha aqui ajoelhar muita vez. Não zombes d'esta cruz, peço-t'o. Zoraida fitou por muito tempo n'elle o seu olhar aveludado, fascinante, diabolico e tentador. Era incomprehensivel a magia d'esse olhar, e mais incomprehensivel ainda o dominio que exercia no moço cavalleiro.

No rosto de Christo, suavemente illuminado, resplandecia um vago arraiar precursor da aurora da misericordia. Apenas Zoraida desappareceu, desfez se o encanto. Serenou a tempestade, e a brisa perfumada da noite veiu timida brincar nas rosas do tumulo de Branca.

Que fez Raymundo? O que aconteceu a Zoraida? Quero saber quem é por fim de contas o phantasma do Açude. «Raymundo, meu fidalgo, não via senão Zoraida n'este mundo. Um capricho d'ella valia mais do que um mandado de Deus.

A reprovada de Deus folgava com noites tempestuosas, e nunca se sentia tão bem como quando os raios lhe illuminavam a estrada, e o trovão respondia magestoso á sua voz blasphema. Olha a cruz do nazareno, bradou Zoraida quando chegaram á cruz do precipicio; não vês, Raymundo, como a chuva açoita irreverente o rosto do martyr do Calvario!

Raymundo curvou-se sobre o pescoço do cavallo, ebrio de amor ou de desejos fitou um olhar frenetico nos olhos de Zoraida, e quando ella, com um sorriso de escarneo, se approximou da cruz, e cuspiu no rosto do Crucificado!... elle, vencido pelo demonio, imitou-a, rindo com um riso convulso e doloroso, que fazia horrorJesus! bradaram os circumstantes.

Depois de Cienfuegos, que deixou um Idomeneu, um Pitaco e uma Zoraida, appareceram dois outros poetas tragicos, que cremos, vivem ainda ambos.

Quiz enterrar os acicates nos ilhaes do cavallo, e o cavallo esvaiu-se como fumo, adelgaçando-se, e escapando-lhe por entre os joelhos, como um pedaço de neve que o sol derrete nas montanhas. Raymundo deu um grito de horror, e estacou petrificado. Então voltou os olhos para Zoraida, e ficou aterrado da transformação da sua amante.

Todos se chegaram mais para o do lume, e olharam uns para os outros benzendo-se silenciosamente ao passo que fóra gemia o vento com voz soturna na porta carunchosa do lagar. «N'essa mesma noite Raymundo e Zoraida atravessavam a cavallo o pinheiral que termina no Açude.

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